Ministério muda distribuição de soro antiofídico em terras indígenas
O Ministério da Saúde anunciou que a distribuição de soros antiofídicos, usados contra acidentes com animais peçonhentos, será descentralizada. A mudança, que já ocorreu em sete Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) do Amazonas, no começo do ano, chega ao DSEI Yanomami, em Roraima.
“Na prática, essa descentralização é o início de um processo inédito para aumentar o número de pontos de atendimento para os pacientes que são picados por serpentes, por exemplo. A intenção do Ministério da Saúde é reduzir o tempo de socorro, assim, reduzindo riscos de morte e de sequelas permanentes.”, diz o Ministério da Saúde.
Conforme a pasta, os distritos indígenas foram escolhidos por demonstrarem maior vulnerabilidade. As estatísticas mostram que essa população corre o risco quatro vezes maior de sofrer um acidente com animal peçonhento em comparação com outras. Já a letalidade é seis vezes maior entre os indígenas.
Lúcia Montebello, consultora técnica da Coordenação Geral da Vigilância de Zoonoses e Doenças Transmitidas por Vetores do Ministério da Saúde, explica que o essencial nesses casos é ter maior acessibilidade para diagnóstico e tratamento.
“A partir da necessidade, também programamos qualificação de médicos e enfermeiros. Os grandes desafios são a profissionalização dos profissionais e a estruturação dos polos base para que possam atender o paciente fazendo os primeiros socorros e iniciando a soroterapia. É exatamente isso que temos feito”, comentou.
Ainda conforme o governo federal, a mudança, ao longo do tempo, será implementada para os estados da região Norte, que registram o maior número de casos e de óbitos por acidentes com animais peçonhentos. Casos graves continuarão sendo transferidos para hospitais de referência do Sistema Único de Saúde (SUS).
Reestruturação da rede de frio - O que possibilita a modificação é o investimento em caixas térmicas, freezers e treinamento de profissionais de saúde. O DSEI Yanomami recebeu cinco câmaras elétricas e 10 câmaras solares BMedical. O DSEI Leste Roraima, que atende sete povos, recebeu cinco câmaras elétricas e 16 câmaras solares.
Além disso, o DSEI Yanomami recebeu 447 caixas térmicas entre 2,7 litros e 20 litros. Já o DSEI Leste Roraima foi contemplado com 327 caixas.
Mais oferta de soro - O ministério também anunciou outro investimento: o aumento de produtores credenciados para fabricação do soro. Hoje, somente um laboratório produz soro. A intenção é que a partir de 2025 o número passe para três.
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