Garantido exalta diversidade e resistência popular no Festival de Parintins
Manaus/AM - O Boi Garantido apresentou, nesta quinta-feira (26), o projeto de arena que levará ao Festival de Parintins 2025, com foco no resgate das raízes culturais da Amazônia e na valorização da história do povo da região. Em coletiva de imprensa na Cidade Garantido, dirigentes da agremiação, lideranças indígenas e quilombolas destacaram que o espetáculo deste ano busca dar visibilidade às vozes historicamente marginalizadas, reafirmando o compromisso com inclusão e representatividade.
Com o tema dividido em três atos — “Somos o Povo da Floresta”, “Garantido, Patrimônio do Povo” e “Garantido, o Boi do Brasil” —, o boi da Baixa do São José será o primeiro a se apresentar nesta sexta (27) e encerra as noites de sábado (28) e domingo (29). A proposta do Garantido para este ano é promover um espetáculo marcante, que combine beleza cênica com um forte conteúdo político e social. O presidente da agremiação, Fred Góes, afirmou que a intenção é "virar a chave" da história e surpreender o público com um projeto único e ousado.
Segundo o vice-presidente Marialvo Brandão, o projeto foi desenvolvido com seriedade, transparência e colaboração entre diversos segmentos da sociedade. A arena será palco de narrativas que rompem com o elitismo cultural e exaltam o saber popular. "Nosso trabalho é feito com orgulho e compromisso. Queremos representar não só a Amazônia, mas todas as realidades do Brasil, especialmente aquelas que são frequentemente esquecidas", afirmou.
O pesquisador e membro da Comissão de Artes do Garantido, Alvatir Carolino, destacou que o boi é, acima de tudo, um instrumento de resistência. Ele explicou que o espetáculo deste ano terá como foco os povos excluídos e suas tradições. “O ‘Boi do Povão’ representa quem somos. É a fala dos humildes, dos esquecidos, que encontram na arena um espaço de expressão, de identidade e de luta por direitos”, afirmou.
Na primeira noite, o Boi Garantido apresentará a lenda Tapiraiauara, que surge como alerta diante da destruição da floresta. Já no segundo dia, o espetáculo faz uma homenagem aos patrimônios culturais vivos, como o Maracatu, o Pretinho do Congo e as Tintureiras Carajá. A proposta é valorizar o que há de mais genuíno na cultura brasileira, para além das referências coloniais e eurocêntricas.
ASSUNTOS: Amazonas