Fragilidades do transporte fluvial no Amazonas são debatidas em evento do setor
A indústria naval e as fragilidades do transporte hidroviário no Amazonas foram discutidas durante a segunda edição do Encontro da Indústria Naval. O evento reuniu empresários, entidades sindicais e órgãos ligados ao segmento, nesta quinta-feira (21), na Zona Sul de Manaus.
O encontro ocorreu na unidade do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, localizada no Distrito Industrial da capital. O evento é promovido pelo Sindicato da Indústria da Construção Naval, Náutica, Offshore e Reparos do Amazonas.
Os temas debatidos foram: financiamento para empresas de navegação, estaleiros e cadeia produtiva do setor naval amazonense; o papel do estado no planejamento e desenvolvimento da indústria naval no Amazonas; e cenários e as perspectivas envolvendo o transporte hidroviário e construção naval na Amazônia.
O transporte fluvial no estado do Amazonas concentra a maior parte da condução de cargas e passageiros dentre os modais. O transporte fluvial transporta cargas granéis líquidas (derivados de petróleo), granéis sólidos (grãos), carga geral, carretas/contêiner e passageiros.
O Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas ressaltou as deficiências e problemas vivenciados atualmente pelo setor. Para o tesoureiro do Sindarma e sócio-proprietário da empresa de navegação Trevo da Amazônia, Homero Santos, mesmo com a importância na logística do transporte de pessoas e cargas a navegação na região não vem recebendo investimentos e as medidas necessárias.
“Sem uma indústria naval forte, não há como se falar em navegação na Amazônia. Sabemos que 90% da carga e produtos escoados da capital para o interior ou que vem de outros locais para o Amazonas é através do modal fluvial. O passageiro é o bem mais preciso que transportamos porque as embarcações levam vidas. O Sindarma tem acompanhado de perto os problemas que afetam o transporte de passageiros”, comentou Homero.
Uma das fragilidades enfrentadas pelo transporte hidroviário no Amazonas é falta de legislação que promova o ordenamento do setor. A precária oferta de infraestrutura portuária em Manaus para atender o transporte de cargas e passageiros, além da inviabilidade da maioria dos portos construídos no interior do estado, contribuem ainda para insegurança e ineficiência do transporte fluvial.
“É preocupante porque nós não temos ainda uma legislação definida e pertinente para esse modal. A inexistência de uma legislação que discipline e ordene o transporte hidroviário no Amazonas, impede o pleno desenvolvimento da atividade”, avaliou Homero Santos.
Outro entrave do segmento consiste na ausência de linhas de crédito específicas para o setor e que atendas as necessidades das empresas locais inviabiliza o crescimento do transporte fluvial.
“As pessoas que atuam no transporte de passageiros com os barcos de recreio são pessoas humildes do interior. A maioria tem passado de pai para filho as embarcações até a terceira geração. Geralmente essas pessoas não tem empresa organizada e é difícil para eles se adequarem. Esperamos contar com olhares das autoridades e dos órgãos de financiamento para que possa investir, alavancando um meio de transporte melhor na nossa Amazônia”, enfatizou o representante do Sindarma.
Participaram ainda do evento o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia, a Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), a Secretaria de Estado de Planejamento, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, agentes financeiros e Marinha.

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