IBGE corrige mapa que trocava siglas de MT e MS e cria comitê de qualidade
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) corrigiu na quarta-feira (23) um mapa da Amazônia Legal que trocava a posição das siglas de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
A nova versão, disponível no site da instituição, também passou a indicar a sigla do Acre, que não constava no arquivo inicial.
Após a repercussão dos erros, a presidência do órgão publicou um comunicado no qual anunciou a criação do Comitê Técnico de Qualidade do IBGE.
O novo colegiado foi instituído por meio de uma portaria assinada pelo presidente do instituto, o economista Marcio Pochmann, na quarta.
O comitê deve ter até oito membros titulares e oito suplentes. A promessa é envolver representantes de diferentes setores do IBGE.
A portaria afirma que o objetivo do grupo é "reforçar a qualidade da produção e da disseminação de estudos e pesquisas estatísticas e geocientíficas por meio do acompanhamento das atividades".
A criação do comitê é contestada por grupos de servidores, porque o IBGE já segue diretrizes para evitar erros, embora não esteja totalmente imune a falhas. Essas ocorrências são registradas no site do instituto, na aba Erramos.
Em nota, a associação sindical que representa os servidores da instituição, a Assibge, afirma que a criação do comitê "é mais uma medida açodada tomada sem nenhuma consulta ao corpo técnico".
"O IBGE já tem mecanismos de controle de qualidade", diz a entidade, que vem travando embates com a gestão Pochmann.
Para a Assibge, a principal causa de erros recentes é a "grave crise de pessoal" no instituto. A associação sindical afirma que a situação causou, por exemplo, a supressão de etapas de revisão e editoração de alguns produtos do órgão de estatísticas.
O IBGE anunciou neste mês que começou a receber novos servidores aprovados no CNU (Concurso Nacional Unificado).
O instituto vive crise interna que se arrasta há quase um ano. Servidores passaram a criticar medidas defendidas por Pochmann e chegaram a chamar a gestão de autoritária. O comando do IBGE rebateu as manifestações.
Em entrevista à Folha de S.Paulo neste mês, Pochmann disse que a direção tem feito diálogos com os funcionários e afirmou seguir em busca de mudanças no instituto.
"Agora, não há transformação sem resistência", declarou o economista, que tomou posse em agosto de 2023, após ser indicado pelo presidente Lula (PT).
A turbulência interna do IBGE resultou na entrega de cargos de diretores neste ano, inclusive na DGC (Diretoria de Geociências), que produz e sistematiza informações cartográficas e geográficas.
Em maio, Pochmann chamou a atenção ao divulgar um mapa-múndi do instituto que trouxe uma projeção cartográfica invertida na comparação com modelos frequentemente utilizados.
A peça mostra as nações do hemisfério sul na parte superior do globo. O projeto viralizou nas redes sociais, dividindo opiniões.
Em 2024, a gestão do instituto também provocou debates ao criar um mapa-múndi que trazia o Brasil no centro da projeção.
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