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Eleição 2024: campanha já começou em Manaus


Por Elizabeth Menezes

09/11/2023 8h24 — em
Ombudsman



Ao negar autorização para a prefeitura de Manaus emprestar R$ 600 milhões do Banco do Brasil, vereadores disseram “não” ao prefeito David Almeida (Avante) no plano político-eleitoral. Ou, pelo menos, mandaram um recado direto: não será muito fácil daqui em diante. Mesmo levando-se em conta que a votação ficou empatada (19 x19), obrigando o presidente da Casa, Caio Andrade (Podemos), a usar o chamado voto de Minerva. Detalhe: dos 41 vereadores da CMM (Câmara Municipal de Manaus), 39 estavam presentes na votação da última quarta-feira 8.

Verifica-se uma notável mudança de comportamento, uma vez que, em três outros momentos, os vereadores aprovaram pedido de empréstimo solicitado por David Almeida. Inclusive um deles teve aprovação por unanimidade, conforme divulgado na imprensa. Aconteceu em abril de  2021, quando o valor do empréstimo era de R$ 470 milhões. O segundo empréstimo, no valor de R$ 100 milhões, teve aprovação dos vereadores no mês de junho de 2022.  Já em março deste 2023, mais um empréstimo de R$600 milhões também foi autorizado pelos vereadores. 

Mas agora, mês de novembro, veio a rejeição de um novo empréstimo: a menos de um ano da eleição municipal, em que David Almeida disputará a reeleição. Durante o processo de votação, o vereador Rodrigo Guedes (Podemos) afirmou que o projeto não explicava claramente onde e como os recursos seriam gastos. Por isso, era “mais um pedido de cheque em branco para a prefeitura de Manaus”. Na função de líder do prefeito, Fransuá (Avante) garantiu que o empréstimo iria apoiar ações de infraestrutura na capital. “É extremamente importante, não para a prefeitura de Manaus, mas para os cidadãos da cidade de Manaus”. Não convenceu a todos e a proposta acabou derrotada.   

EFEITO ROBERTO CIDADE?

Presidente da Aleam (Assembleia Legislativa do Amazonas), Roberto Cidade (UB), que não esconde de ninguém a disposição de enfrentar David Almeida nas urnas, também escancara a aproximação com os vereadores. Veículos de comunicação divulgaram uma reunião dele com um grupo de 21 vereadores, em lugar público: um restaurante (não deve ter sido um encontro para falar de futebol). Até aqui, revelam pesquisas, o potencial adversário mais próximo de David Almeida é o deputado federal Amom Mendel (Cidadania). Amom, aliás, cumpriu dois anos do mandato de vereador e depois se elegeu deputado federal. O certo é que, de uma forma ou de outra, a campanha eleitoral, na prática, já começou.

O resultado da votação de hoje, que pode ser considerado um verdadeiro “racha” e insatisfação com o prefeito, terá consequências até a eleição? Qual o tamanho da base política de David Almeida na Câmara Municipal a partir de agora? O dinamismo da política o dirá. Mas, apenas para efeito de comparação, pode-se relembrar o ano eleitoral de 2016, quando Arthur Neto era o prefeito. Em abril, faltando seis meses para a eleição, dizia-se que ele mantinha uma base de 30 dos 41 vereadores. Foi reeleito no segundo turno, em disputa com Marcelo Ramos.

“FALTOU GRANDEZA AO PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL”

Sobre o resultado da votação na CMM, veículos de comunicação divulgaram a notícia com manchetes do tipo “CMM nega autorização para empréstimo de R$ 600 milhões”; “Pedido de David Almeida por empréstimo de R$ 600 milhões é rejeitado na Câmara Municipal de Manaus”, ou “David sofre derrota na CMM com perda da base aliada”.  Já o Portal do Holanda, na Coluna Bastidores da Política, assinada pelo diretor-geral Raimundo de Holanda, comentou o fato com o título “Conspiração contra Manaus”, em que não economiza nas críticas contundentes. A Coluna Ombudsman pinçou algumas expressões do texto. 

“Houve comemoração. A oposição entende que impôs uma derrota ao prefeito David Almeida, mas penalizou Manaus que precisa do empréstimo para tocar obras de infraestrutura já em andamento”. 

“Se houve derrota foi de Manaus, que precisa desfazer os gargalos existentes. Os projetos de infraestrutura que estão aí são mecanismos de desafogo, agora sob ameaça de paralisação”. 

“Faltou grandeza ao presidente da Câmara Municipal de Manaus, que conspirou para derrota do projeto. Mas não se pode exigir grandeza de quem insiste em ser pequeno”. 

Diante desse novo fato, incluindo a posição pública do Portal, a Coluna volta a sugerir à Redação que inclua mais política nas pautas. Em 14 de setembro deste ano, a Coluna lembrou que 2023 é ano eleitoral, uma espécie de aquecimento para 2024, mas o tema não estava recebendo muita atenção da mídia. “Pelo menos no Portal do Holanda, parece um assunto muito distante”, diz uma parte do texto, que poderia ser repetido hoje.

Quase dois meses depois e com os “blocos” políticos já em aquecimento (e nem muito disfarçados), a Redação deverá agir.

 É a aposta.

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Elizabeth Menezes, jornalista formada pela Ufam (Universidade Federal do Amazonas), repórter em jornais de Manaus, a exemplo de A Notícia, A Crítica e Amazonas em Tempo. Também trabalhou na assessoria de Comunicação da Assembleia Legislativa.

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