SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O bilionário Elon Musk disse nesta quarta-feira (11) ter se arrependido de comentários que fez sobre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante uma briga pública que ambos protagonizaram nos últimos dias.

"Eu me arrependo de algumas das minhas publicações sobre o presidente Donald Trump na semana passada. Elas foram longe demais", escreveu Musk em sua plataforma, o X. Ele não especificou a quais publicações se referia.

O recuo ocorre poucos dias após Trump afirmar que Musk havia "perdido a cabeça" e ameaçar rescindir subsídios e contratos governamentais das empresas do bilionário, que é presidente-executivo da Tesla e da SpaceX. As ações da Tesla em Frankfurt subiram 2,44% após a publicação.

O republicano aprovou o gesto do ex-aliado. "Eu achei que foi muito bonita a atitude dele", afirmou em uma entrevista ao jornal New York Post durante a manhã desta quarta. Antes de qualquer arrependimento público, na noite de segunda-feira (9), Musk teria ligado para Trump, segundo apuração do jornal The New York Times.

Os agora adversários começaram a trocar insultos nas redes sociais na semana passada, quando Musk descreveu o megaprojeto de lei orçamentária do governo federal como uma "abominação repugnante" que prejudicaria o seu trabalho à frente do Doge (Departamento de Eficiência Governamental, na sigla em inglês).

O órgão, criado pelo governo Trump, implementou cortes drásticos em gastos, promoveu demissões de servidores públicos federais e mirou programas de diversidade e da Usaid, a agência de ajuda externa dos EUA, mas não conseguiu atingir as metas prometidas por Musk, que financiou a campanha do atual presidente.

A ruptura viria dois dias depois, no último dia 5. "Elon e eu tínhamos uma ótima relação. Não sei se continuaremos tendo. Fiquei surpreso", disse Trump à imprensa durante reunião com o premiê alemão, Friedrich Merz, na Casa Branca.

No mesmo dia, Musk disparou publicações no X e chegou a afirmar, sem apresentar provas, que o nome do presidente consta nos registros do caso Jeffrey Epstein, investidor americano acusado de crimes sexuais que se suicidou na prisão em 2019. O bilionário também compartilhou um vídeo que teria sido gravado em 1992 e que mostrava Trump ao lado de Epstein.

O republicano revidou em um post na sua plataforma, a Truth Social: "O jeito mais fácil de economizar dinheiro em nosso orçamento, bilhões e bilhões de dólares, é acabar com os contratos e subsídios do governo com Elon". No sábado (7), o político disse que o relacionamento deles havia acabado.

Além das divergências relacionadas ao projeto de lei orçamentária, outro ponto de atrito entre Musk e Trump foi a indicação para a chefia da Nasa, cargo considerado prioritário para a estratégia do bilionário devido à sua importância crítica para a SpaceX, sua empresa de foguetes.

O nomeado por Trump para chefiar a Nasa, a agência espacial americana, era um indicado de Musk. O presidente, contudo, foi informado de que Jared Isaacman havia feito doações a políticos do Partido Democrata, hoje na oposição ao governo, em campanhas eleitorais anteriores.

O questionamento ao bilionário sobre o caso e a posterior retirada da nomeação de Isaacman foram o último prego no caixão que sepultou a aliança entre Trump e Musk.