Lula reage a relatório de direitos humanos dos EUA: 'tentam criar uma imagem'
Após a publicação, pelos Estados Unidos, de um relatório que aponta deterioração na situação dos direitos humanos no Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (13) que o país não descumpre regras nessa área. O petista deu as declarações durante cerimônia no Palácio do Planalto, criticando diretamente a postura norte-americana.
“Ninguém está desrespeitando regras de direitos humanos como estão tentando apresentar ao mundo. Os nossos amigos americanos, toda vez que resolvem brigar com alguém, eles tentam criar uma imagem de demônio contra as pessoas com quem eles querem brigar”, disse. “Agora, querer falar em direitos humanos no Brasil... Tem que olhar o que acontece no país que está acusando o Brasil.”, completou.
O documento citado por Lula foi elaborado pelo Departamento de Estado dos EUA e critica, entre outros pontos, o próprio presidente e o ministro do STF Alexandre de Moraes, além da prisão de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no Supremo por tentativa de golpe. No discurso, Lula reforçou que o país tem independência institucional: “O Poder Judiciário é autônomo e está garantindo a Constituição. O Poder Executivo nem o Congresso Nacional, não temos nenhuma incidência com relação ao julgamento que está acontecendo na Suprema Corte.”
O presidente disse não aceitar que o Brasil seja retratado como desrespeitador de direitos humanos. “O Brasil não tinha nenhuma razão para ser taxado. Então, não aceitaremos a pecha de que no Brasil nós não respeitamos os direitos humanos”, afirmou.
Além da resposta ao relatório, Lula comentou o pacote de medidas contra o “tarifaço” anunciado por Donald Trump sobre produtos brasileiros. “A gente vai continuar teimando em negociação porque nós gostamos de negociar. Nós não queremos conflito. Não quero conflito nem com Uruguai, nem com a Venezuela, quanto mais com os EUA. Agora, a única coisa que precisamos exigir é que a soberania nossa é intocável, ninguém dê palpite nas coisas que nós temos que fazer”, declarou.
O presidente disse que o Brasil buscará alternativas comerciais. “Nós temos muito que aprender com a Índia. Em vez de ficar chorando aquilo que nós perdemos, vamos procurar ganhar outro lugar. O mundo é grande”, disse. Ele também descartou uma retaliação imediata: “Nós não estamos anunciando reciprocidade, veja como nós somos negociadores. Nós não queremos, em um primeiro momento, fazer nada que justifique piorar nossa relação.”
Encerrando o discurso, Lula disse que os Estados Unidos podem se frustrar com a própria decisão. “A aposta deles pode não dar certo. Quem está com bravata e não quer negociação são eles.”
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