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Eleição de Trump traz tempos difíceis, diz presidente da Fundação Europeia para o Clima

Por Folha de São Paulo

06/11/2024 17h45 — em
Mundo



BELÉM, PA (FOLHAPRESS) - A vitória do republicano Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos trará retrocessos e tempos difíceis para agenda climática mundial, mas também abre oportunidades para que países como o Brasil assumam a liderança da agenda de transição energética.

A avaliação é de Laurence Tubiana, presidente da Fundação Europeia para o Clima, e uma das arquitetas do Acordo de Paris firmado em 2015. Ela participa da Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias, em Belém. O evento é organizado pelo Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração).

"Essas eleições foram ruins para o clima, mas a gente já imaginava que isso pudesse acontecer. Mas agora, nós da comunidade climática estamos mais bem preparados do que estávamos em 2017", afirmou Tubiana, em referência ao primeiro governo de Trump, entre 2017 e 2020.

Ela afirmou que o Acordo de Paris, firmado em 2015, está sob risco. Em seu primeiro mandato, Trump retirou os Estados Unidos dentre os signatários do acordo. Mas os norte-americanos retornaram ao acordo sob a presidência do democrata Joe Biden.

Sobre os Estados Unidos, Tubiana lembrou que o país é o segundo emissor de gases carbono a nível global, e, mesmo que tenha reduzido suas emissões, ainda está longe do patamar previsto para 2030.

Por outro lado, ela destacou o papel de atores não estatais, incluindo empresas e universidades, que mantiveram o apoio ao Acordo de Paris, e têm atuado para promover a energia renovável. E disse que o novo cenário que sai das urnas nos Estados Unidos vai demandar mais organização e mobilização daqueles que defendem o combate à mudança climática.

A capital paraense vai sediar em 2025 a COP30, conferência do órgão da ONU para a mudança do clima. O evento no Brasil vai marcar os dez anos do Acordo de Paris, assinado em 2015, que teve em Laurence Tubiana uma de suas principais arquitetas.

A COP30 será palco da primeira grande revisão dos parâmetros estabelecidos no Acordo de Paris e deve marcar uma revisão dos compromissos climáticos dos países, para que esses tenham uma relação de forças mais equilibrada.

Tubiana disse não esperar a presença de Donald Trump nas conferências do clima, já que ele não compareceu a nenhuma COP após os Estados Unidos deixarem o Acordo de Paris

E destacou que o novo cenário político abre uma oportunidade para o Brasil liderar uma agenda de transição energética a nível global.

"É uma oportunidade fantástica para o Brasil, seja o governo, a sociedade ou as empresas, para dizer, ‘olha, estamos avançando’", afirmou Lubiana, que diz ver a possibilidade de uma nova onda de mobilização semelhante a que aconteceu em 2015 com o Acordo de Paris.

Ela ainda afirmou que a COP30 em Belém, que ela definiu como a COP das florestas, vai colocar o Brasil em uma posição de liderança e evidenciar o país para o resto do mundo. E disse que será uma oportunidade de o Brasil mostrar a importância do multilateralismo para o mundo.

"Isso é um desafio, mas um grande desafio bonito para a diplomacia brasileira e, de certa forma, para a sociedade. Uma oportunidade maravilhosa para o país em um contexto realmente dramático", completou.

Ao citar a COP29, que será realizada de 11 a 22 de novembro no Azerbaijão, disse que o evento será importante para esclarecer a posição dos países em um momento em que o mundo é atingido por eventos climáticos extremos.

Citou como exemplo as inundações que atingiram o Brasil no início do ano e as que recentemente atingiram a Europa. Na sequência, afirmou que o impacto de eventos climáticos extremos no ano passado foi estimado em US$ 500 bilhões.

*O repórter viajou a convite do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração).


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