China reage ao tarifaço de Trump e defende soberania do Brasil
O governo da China criticou nesta sexta-feira (11) a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Em coletiva de imprensa, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, afirmou que medidas econômicas não devem ser usadas como instrumentos de “coerção, intimidação ou interferência” nos assuntos internos de outros países.
Essa foi a primeira manifestação oficial da China desde o anúncio do tarifaço, que agravou a tensão diplomática entre Washington e Brasília. A decisão de Trump foi comunicada dois dias após o encerramento da cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro. O republicano também ameaçou aplicar novas tarifas a todos os países do bloco, alegando que o grupo tenta minar a influência dos EUA e substituir o dólar no comércio internacional.
Em uma carta pública endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Trump justificou a nova tarifa como uma resposta à "violação da liberdade de expressão" e aos "ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres". O republicano também citou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF, classificando o processo como uma "vergonha internacional". Em reação, Lula afirmou que o Brasil não aceitará tutela de nenhuma nação e que o caso Bolsonaro é de competência exclusiva da Justiça brasileira.
Na avaliação do governo brasileiro, o tarifaço fere o princípio da reciprocidade e poderá ser respondido com medidas semelhantes. Dados do Ministério do Desenvolvimento mostram que, ao contrário do que alegou Trump, o Brasil tem registrado déficits comerciais com os EUA desde 2009, acumulando saldo negativo de mais de US$ 90 bilhões. O governo brasileiro estuda devolver a carta enviada por Trump à embaixada americana.
ASSUNTOS: Mundo