Aeronautas mantêm ameaça de greve na virada do ano após nova proposta
SÃO PAULO, 23 Dez (Reuters) - O Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) anunciou nesta terça-feira que mantém aviso de greve após deixar reunião de mediação no Tribunal Superior do Trabalho (TST) com uma nova proposta de reajuste salarial a ser discutida com a categoria em assembleia marcada para a próxima segunda-feira.
A categoria cobra reajuste pelo INPC mais 3% no salário e diárias -- exceto internacionais --, além de outras demandas que incluem repouso mínimo de 12 horas em hotel e pagamento de tempo em solo.
Pela última proposta das empresas durante a mediação no TST nesta terça-feira, o índice de reajuste oferecido é de INPC mais 0,5% de ganho real, o que resultaria em um aumento de 4,68%, segundo apresentação do SNA realizada online após a reunião.
"A assembleia de greve está mantida para o dia 29", afirmou o presidente do SNA, Tiago Rosa da Silva. "Não vamos perder a data do dia 29. Se essa proposta for rejeitada, a greve será mantida...para que ocorra já no dia 1º de janeiro."
"A assembleia de greve marcada para o dia 29 de dezembro ainda prima por usar, sim, as datas festivas como moeda de pressão sobre as empresas", acrescentou o presidente do SNA durante a apresentação.
Os trabalhadores e as empresas começaram a negociação salarial em setembro, disse Silva. A proposta anterior havia sido rejeitada por pequena margem de votos, afirmou.
Segundo dados do Ministério de Portos e Aeroportos, o número de passageiros do transporte aéreo no país deve fechar o ano com um recorde de 130 milhões, ultrapassando pela primeira vez os valores pré-pandemia.
De janeiro a novembro, companhias aéreas movimentaram mais de 117 milhões de passageiros, 9,3% acima do registrado no mesmo período de 2024. O número de assentos comercializados em voos domésticos (91,9 milhões) cresceu 8% sobre os números do ano passado, segundo o ministério.
Procurado, o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA) não comentou o assunto.
Questionado durante a apresentação sobre a posição do sindicato em relação à nova proposta, Silva afirmou que "é a categoria que tem que decidir, nosso papel é ser transparente".
Mas o diretor de relações institucionais do SNA, Clauver Castilho, citou dado do Dieese indicando que 78% das categorias de trabalhadores no Brasil que fizeram negociação coletiva neste ano tiveram ganho real médio de 0,4%.
"Ou seja, dentro do contexto negocial brasileiro, ela (nova proposta) está dentro desse equilíbrio", afirmou.
(Por Alberto Alerigi Jr.; Edição Igor Sodré e Maria Carolina Marcello)
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