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Petrobras tomba na Bolsa após resultado do 2º trimestre e perde uma PetroRio em valor de mercado

Por Folha de São Paulo

08/08/2025 18h15 — em
Economia



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Petrobras enfrentou fortes perdas na sessão da Bolsa desta sexta-feira (8), um dia depois de divulgar o balanço corporativo do segundo trimestre.

As ações preferenciais e ordinárias despencaram 6,14% e 7,94%, cotadas a R$ 30,53 e R$ 32,78, respectivamente. O Ibovespa, pressionado pela petroleira, recuou 0,44%, a 135.913 pontos.

Com a sessão desta sexta, a companhia perdeu R$ 31,95 bilhões em valor de mercado -o equivalente a uma PetroRio- e agora está cotada a R$ 410,21 bilhões, segundo levantamento da consultoria Elos Ayta.

A estatal reportou lucro de R$ 26,6 bilhões durante o período analisado -uma reversão do prejuízo de R$ 2,6 bilhões registrados no mesmo trimestre do ano passado, mas aquém dos R$ 35,7 bilhões dos primeiros três meses de 2025.

Com o resultado, a Petrobras anunciou a distribuição de R$ 8,66 bilhões em dividendos a seus acionistas.

A perda de tração no lucro líquido não preocupou os investidores. Já era algo previsto, dada a queda no preço do petróleo Brent e a variação cambial, com o dólar mais fraco pressionando receita, Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e lucro bruto.

O que destoou -e gerou a reação negativa na Bolsa- foram os dividendos. Os R$ 8,6 bilhões (US$ 1,6 bilhão) a serem distribuídos a acionistas equivalem a R$ 0,6719 por ação ordinária e preferencial, ao passo que a expectativa era de R$ 1 por ação, segundo a Ativa Investimentos.

Em relatório da XP, os analistas Regis Cardoso e João Rodrigues esperavam uma distribuição de R$ 11,9 bilhões em dividendos. A diferença entre a expectativa e o dado concreto, para eles, se deve ao fluxo de caixa operacional mais fraco do que o estimado, de R$ 40,6 bilhões ante projeções de R$ 44 bilhões pelo consenso do mercado. As despesas de capital também ficaram mais altas, a R$ 22 bilhões, contra estimativa de R$ 20 bilhões.

"Os investidores têm se concentrado principalmente na geração de fluxo de caixa livre e no pagamento de dividendos -isso é verdade para o setor de petróleo e gás, e particularmente para a Petrobras", afirmam.

"Em nossa opinião, a diferença no fluxo de caixa operacional não é facilmente explicada pelo capital de giro, já que os principais culpados parecem ter sido itens como depósitos judiciais, abandono, impostos sobre vendas e 'outros'. Em nossa opinião, a conversão do Ebitda em fluxo de caixa operacional será um tema a ser observado nos resultados futuros."

É uma visão semelhante à de João Daronco, analista CNPI da Suno Research. Para ele, a surpresa negativa foi o nível de investimento, um dos pontos de pressão do fluxo de caixa livre -o que forma a distribuição de dividendos.

"Eu esperava que, com o novo patamar do Brent, a companhia pudesse adotar uma postura mais conservadora nos investimentos, o que não aconteceu. Isso acabou pressionando significativamente o fluxo de caixa livre, que caiu muito mais do que o esperado. Investidores que contavam com um fluxo de caixa mais robusto para garantir dividendos no curto prazo podem ter se decepcionado."

Para o futuro, o foco será no acompanhamento do nível de investimento da Petrobras em relação ao atual patamar do Brent, diz o analista. "Caso a companhia mantenha esse ritmo de investimentos, pode haver uma redução na expectativa de distribuição de dividendos -especialmente no que diz respeito aos 45% do fluxo de caixa livre."


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