Japão vive uma alta de preços histórica do arroz, nova empreitada de Eike Batista e o que importa no mercado
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Japão vive uma alta de preços histórica do arroz, grão que é base da alimentação nacional, nova empreitada de Eike Batista e outros destaques do mercado nesta quarta-feira (26).
**O QUE É UM SUSHI SEM ARROZ?**
O Japão vive uma crise inédita no abastecimento de arroz. O preço do grão, que é a base da culinária nacional, acumulou alta de 71% em janeiro se comparado ao mesmo mês do ano passado.
Pela primeira vez na história, o governo teve de abrir seus estoques reguladores para tentar segurar o preço pelo lado da oferta.
O Ministério da Agricultura japonês anunciou na sexta-feira (21) que vai colocar no mercado até março 210 mil toneladas de arroz;
O estoque é de 1,1 milhão de toneladas.
GRÃO DE OURO
A saca de 5kg de arroz plantado no país está custando, segundo a pasta, 3.688 ienes (R$ 142).
É o maior preço desde o desastre nuclear em Fukushima, que abalou cadeias produtivas em 2011.
No Brasil, a mesma quantidade do alimento custa de R$ 25 a R$ 35, dependendo da marca e do lugar.
Ainda que a inflação dos alimentos esteja preocupando por aqui, o preço médio do arroz caiu 22% em 2024.
DOEU NO BOLSO
Mesmo os lanchinhos tradicionais dos japoneses estão sentindo a pancada. O preço do onigiri, uma bolinha de arroz envolta por alga seca, subiu 9,2% em janeiro. O sushi está 4,5% mais caro nos restaurantes de lá.
O QUE ROLOU?
O clima seco afetou a safra de verão do país (que acontece entre julho e setembro, o inverso do Hemisfério Sul).
Em tempos normais, os preços voltariam ao normal em alguns meses. O alongamento da situação, segundo o governo, decorre de flutuações no suprimento e na demanda.
A grande quantidade de turistas que visitou o Japão no fim do ano aumentou o consumo da comida tradicional do país (que leva bastante arroz).
As lojas, por sua vez, subiram os preços para o consumidor, aproveitando a onda. Os fazendeiros também seguraram o produto para aumentar a margem de lucro.
QUESTÃO HISTÓRICA
Desde que o país se abriu para o mundo no pós-guerra, o consumo de arroz caiu muito entre os japoneses (ficou surpreso?).
Desde então, o governo tenta equilibrar os estoques para manter o preço para os consumidores e a margem dos produtores em um patamar aceitável.
**A 'SUPERCANA' DE EIKE BATISTA**
Ele voltou. Na verdade, nunca foi embora. Eike Batista ganhou destaque novamente após conseguir um investimento considerável para (mais) um de seus projetos ambiciosos.
O empreendimento promete usar uma tecnologia de cruzamento genético de cana-de-açúcar que permitiria a produção de até três vezes mais etanol e 12 vezes mais bagaço por hectare.
Se der certo, pode derrubar o preço do etanol e do SAF (Combustível Sustentável de Aviação).
Quem investiu? O fundo Brasilinvest, que contou com recursos dos fundos Abu Dhabi Investment Group (ADIG), dos Emirados Árabes, e General Finance, dos EUA.
O dono do grupo de investimentos Brasilinvest é Mário Garnero, um nome para se ter no seu radar. Ele é reconhecido no mercado por ter bom trânsito com o capital internacional.
Os árabes entram na jogada de olho na compra de SAF com preços melhores, para abastecer os aviões da aérea estatal Emirates.
PROTÓTIPO
O plano inicial é desenvolver 70 mil hectares da supercana e três unidades de moagem de cana de 4 milhões de toneladas cada.
No papel, o projeto teria capacidade anual de produção de 1,08 bilhão de litros de etanos e 537,6 milhões de litros de SAF em 2031.
ENROLADO
Eike Batista não será sócio do empreendimento inicialmente, apesar de ser o rosto do projeto e o anúncio ter sido feito em seu restaurante, Mr. Lam, no bairro carioca da Lagoa. Por ora, problemas judiciais o impedem, mas a entrada não é descartada no futuro.
Quem comanda a BRXe empresa que receberá o aporte é Luis Rubio e Sizuo Matsuoka, que estudam novas variedades de cana. Na transação, Garnero vai receber 40% do negócio.
PROMISSOR OU NÃO?
Nos últimos anos, o setor da cana de açúcar mudou o foco dos biocombustíveis para os adoçantes, negócio que lhe parece mais rentável.
Batista aposta no investimento de companhias aéreas em biocombustível para bater suas metas de redução das emissões de carbono.
Cabe a reflexão sobre o modelo de negócio: com Donald Trump minando os esforços para a transição para a energia sustentável, o quão promissor é o mercado de biocombustíveis?
**SURPRESA NA INFLAÇÃO**
A prévia da inflação de fevereiro surpreendeu: um pouco para o bem, um pouco para o mal.
O IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15) foi divulgado ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e apontou um aumento de 1,23% nas etiquetas.
Por um lado, o resultado foi abaixo do esperado por analistas, que apontavam 1,36% em projeção estudada pela Bloomberg.
Por outro, é a maior leitura para o mês de fevereiro desde 2016, quando o avanço foi de 1,42%
Em 12 meses, o IPCA-15 acumula alta de 4,96% acima do teto da meta da inflação.
O objetivo do governo é terminar o ano com a inflação em 3%, com tolerância de 1,5% para cima ou para baixo ou seja, o piso é 1,5% e, o teto, 4,5%.
Olhando de perto, a leitura qualitativa é ruim, segundo especialistas ouvidos pela Folha.
Ele piora um pouco o nível de dificuldade do jogo para o BC, que precisa conduzir a política monetária para controlar o aumento dos preços.
As médias do setor de serviços e dos núcleos desagradam.
Os serviços subjacentes [com preços menos voláteis] vieram em linha com nossa expectativa e seguem indicando um qualitativo ruim para a inflação, escreve Luciana Rabelo no relatório do Itaú sobre o assunto.
CONTRASTES
O IPCA-15 de janeiro foi o menor para o mês desde o início do Plano Real, em 1994: 0,11%.
O que ajudou o índice a chegar em um patamar tão baixo foi o desconto temporário nas contas de luz. Elas ficaram mais baratas com o bônus de Itaipu, que abate um pouco do valor.
O tal do bônus é um crédito nas contas de energia gerado pelo resultado da renda de energia da usina hidrelétrica.
Agora, a conta de luz dos brasileiros voltou ao patamar normal, o que puxou a leitura para cima. Ainda, contribuíram para o aumento os reajustes das mensalidades escolares (comuns no início do ano) e o aumento do ICMS dos combustíveis.
**QUAL A BEBIDA DO CARNAVAL?**
Os foliões estão pulando Carnaval há algum tempo. Agora, a contagem regressiva para o feriadão começou de verdade. Além do turismo, a data agita a competição de outro mercado: o das bebidas alcoólicas.
DESPONTANDO
A Xeque Mate despontou em 2023 como um hit do Carnaval, tendência que se confirmou no ano seguinte. Para a folia de 2025, a marca projeta vender 40% mais.
A bebida, popular nos bares e festas em Belo Horizonte (MG), começou a ser enlatada e vendida há 10 anos por Alex Freire e Gabriel Rochael. Ela é um dos destaques do segmento Ready To Drink (RTD), prontos para consumo, no Brasil.
A Xeque Mate é feita com extrato de erva mate, rum, suco de limão concentrado e extrato de guaraná.
A produção exclusiva para o Carnaval deste ano gira em torno de 6 milhões de latas entre elas, 2 milhões são de uma edição de colecionador, a serem distribuídas no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Minas Gerais.
A novidade principal deste ciclo é o futuro lançamento da Xeque Mate Zero, mirando quem está segurando no álcool e no açúcar (um mate com guaraná?).
CONCORRENTE
A Ambev, tradicional patrocinadora da festa, está com tudo pronto para faturar muito. Só com o carnaval de São Paulo, espera desembolsar R$ 27,8 milhões.
Ela vai patrocinar 130 blocos e festas, esperando alcançar cerca de 50 milhões de foliões. A empresa escolheu três marcas para o front: a Brahma, a Beats (que compete com a Xeque Mate no setor RTD) e a Guaraná Antártica.
A Beats já foi Skol Beats, mas ganhou vida própria. Para 2025, a marca relançou a versão vermelha da bebida, a embalagem de 1 litro e um gelo para harmonizar.
FAZENDO DINHEIRO
O faturamento previsto pelo Ministério do Turismo com o Carnaval é de R$ 12 bilhões, somando os cordões do país todo. A expectativa é de que seja a festa mais lucrativa desde 2015.
A folia de rua carioca espera 8 milhões de foliões, gerando uma movimentação econômica de cerca de R$ 5,5 bilhões, segundo a RioTur;
O Carnaval baiano deve ter 3,5 milhões de turistas e gerar R$ 7 bilhões. Só em Salvador, o movimento deve ser de R$ 1,8 bilhão, de acordo com o Observatório do Turismo da Secult.
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