Estaleiro Rio Grande sai de recuperação judicial e quer mais encomendas da Petrobras
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Controladora de um dos maiores estaleiros brasileiros, a Ecovix concluiu esta semana processo de recuperação judicial iniciado em 2016 para lidar com dívida de R$ 6 bilhões e ganha agora capacidade financeira para disputar novas concorrências da Petrobras.
A Ecovix é dona do Estaleiro Rio Grande, projetado em 2006 para fabricar grandes plataformas de petróleo para a Petrobras. Tem o maior dique seco da América Latina, mas vinha sobrevivendo de reparos de embarcações.
O estaleiro recebeu grandes encomendas durante o ciclo de retomada do setor nos primeiros governos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mas acabou em dificuldades com a suspensão das obras após a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação lava Jato.
A paralisação das atividades do estaleiro gerou grande crise na cidade de Rio Grande, a 320 quilômetros de Porto Alegre, que viveu anos de grande euforia com a chegada da indústria naval e acabou se frustrando quando as encomendas se foram.
"O dia de hoje é um novo e grande passo para a empresa, e que trará muitas novas oportunidades. Temos uma estrutura moderna e capaz de atender parceiros de todo o mundo na indústria naval", disse, em nota, José Antunes Sobrinho, acionista da empresa.
Na sentença que pôs fim à recuperação judicial, a juíza Fabiana Gaier Baldino, da Segunda Vara Cível de Rio Grande (RS), disse que o objetivo da recuperação judicial foi alcançado, com a manutenção dos empregos e a preservação dos interesses dos credores.
O processo está apto ao encerramento judicial, a fim de permitir que o Grupo Ecovix, após superadas as dificuldades, retorne ao mercado de forma independente, consolidando, assim, o seu equilíbrio financeiro com maior celeridade e segurança", escreveu.
"É um grande marco para a empresa, que está em um processo consistente de retomada das suas atividades, podendo voltar a gerar centenas de empregos", afirmou Laurence Medeiros, sócio do escritório Medeiros Administração Judicial.
Em 2023, em parceria com a Gerdau, a empresa recebeu a plataforma P-32, da Petrobras, para desmantelamento. No início do ano, venceu licitação da Petrobras para a construção de quatro navios de transporte de combustíveis, em consórcio com o Estaleiro Mac Laren, do Rio de Janeiro.
Os trabalhos levarão em torno de três anos e devem começar neste semestre, em um investimento de US$ 278 milhões (R$ 1,5 bilhão), com execução em Rio Grande e conclusão no Rio. As obras vão gerar 1,4 mil empregos em seu pico.
"O encerramento da recuperação judicial reposiciona a empresa no mercado, facilitando o acesso a crédito, a seguros e a novos clientes -especialmente no setor privado", afirmou a empresa, em nota. A companhia diz que participará de novas licitações da Petrobras.
A subsidiária da estatal para a área de transporte de combustíveis, Transpetro, anunciou plano de comprar até 25 novos navios. Além dos quatro já contratados, há uma segunda licitação aberta, para a encomenda dois lotes com um total de oito navios para o transporte de gás de cozinha.
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