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Após atingir maior valor em quase cinco meses, preços do petróleo caem

Por Folha de São Paulo

23/06/2025 11h00 — em
Economia



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após atingirem o maior valor em quase cinco meses, os preços do petróleo registravam queda nesta segunda-feira (23), em uma sessão marcada por alta volatilidade.

O petróleo Brent, referência internacional do petróleo, chegou a US$ 81,40 (R$ 449,32) o barril na abertura do mercado na segunda-feira na Ásia, o maior valor em quase cinco meses. Já o petróleo WTI (West Texas Intermediate), referência nos EUA, chegou a avançar cerca de 1%, para US$ 74,50 (R$ 411,76).

No entanto, passaram a registrar queda ao fim da manhã. Por volta das 11h, o contrato para setembro do Brent caía 0,91%, a US$ 74,80, enquanto o WTI despencava 1,11%, a US$ 73,05.

Como pano de fundo, investidores avaliam os riscos potenciais de interrupções no fornecimento de petróleo como resultado da escalada do conflito no Oriente Médio, após a decisão dos Estados Unidos no último sábado (21) de se juntarem a Israel no ataque às instalações nucleares do Irã.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, expressou nesta segunda-feira o desejo de que os preços do petróleo permaneçam baixos em meio a temores de que os conflitos no Oriente Médio possam levar a uma alta dos preços.

"Todos, mantenham o preço do petróleo baixo, estou observando! Vocês estão fazendo o jogo do inimigo, não façam isso", escreveu ele em letras maiúsculas em sua plataforma de rede social Thruth Social.

Na sequência, Trump fez uma outra postagem destinada ao Departamento de Energia dos EUA, encorajando-o a "perfure, baby, perfure", acrescentando: "quero dizer, agora".

Já as Bolsas caíram na Europa e na Ásia, exceto os três principais índices da China. Os principais índices de Wall Street abriram com pouca variação nesta segunda-feira. O Dow Jones Industrial Average perdia 0,07% na abertura, para 42.178,55 pontos. O S&P 500 ganhava 0,03%, a 5.969,67 pontos, enquanto o Nasdaq Composite recuava 0,10%, para 19.427,007 pontos.

Analistas disseram que quanto mais as tensões no Oriente Médio persistirem, maior será o risco de um período prolongado de altos preços do petróleo, o que poderia aumentar a inflação e prejudicar o crescimento econômico global.

"O governo Trump provavelmente terá dificuldade em equilibrar as ambições nucleares do Irã e, ao mesmo tempo, evitar um aumento prolongado nos preços do petróleo bruto, o que, por sua vez, elevará a inflação e enfraquecerá a economia dos EUA", disse Michael Alfaro, diretor de investimentos da Gallo Partners, um fundo de hedge focado em energia e indústria.

O Irã exporta cerca de 2 milhões de barris de petróleo por dia. Cerca de 21 milhões de barris do Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos passam diariamente pelo Estreito de Ormuz.

"O mercado ainda está nervoso, aguardando o que o Irã fará", disse Bjarne Schieldrop, analista-chefe de commodities do SEB.

"A questão-chave é o que vem a seguir", escreveram James Bambino e Richard Joswick, da S&P, em nota.

"O Irã atacará os interesses dos EUA diretamente ou por meio de milícias aliadas? As exportações de petróleo bruto iraniano serão suspensas? O Irã atacará os navios no estreito de Hormuz?"

Trump disse que havia "obliterado" as principais instalações nucleares do Irã em ataques no fim de semana, juntando-se a um ataque israelense em uma escalada do conflito no Oriente Médio, já que Teerã prometeu se defender.

Israel realizou novos ataques contra o Irã na segunda-feira, incluindo a capital Teerã e a instalação nuclear iraniana de Fordow, que também foi alvo de ofensiva dos EUA. O Irã é o terceiro maior produtor de petróleo da Opep (Organização dos Países Produtores de Petróleo).

O governo iraniano afirmou na segunda-feira que o ataque dos EUA às suas instalações nucleares expandiu a gama de alvos legítimos para suas forças armadas e chamou o presidente dos EUA, Donald Trump, de "jogador" por se juntar à campanha militar de Israel contra a república islâmica.

Enquanto isso, a China disse que o ataque dos EUA prejudicou a credibilidade de Washington e alertou que a situação "pode sair do controle".

Os preços ficaram voláteis na sessão de segunda-feira. Os contratos do Brent e do WTI atingiram novas máximas de cinco meses no início da sessão, de US$ 81,40 e US$ 78,40, respectivamente, antes de devolverem ganhos e ficarem negativos durante a sessão matutina europeia, recuperando-se depois para um ganho de 1%.

Os preços subiram desde o início do conflito, em 13 de junho, em meio a temores crescentes de que uma retaliação iraniana possa incluir o fechamento do estreito de Hormuz, por onde passa cerca de um quinto do suprimento global de petróleo bruto.

Entretanto, os investidores estão avaliando a extensão do prêmio de risco geopolítico nos mercados de petróleo, uma vez que a crise do Oriente Médio ainda não teve impacto sobre a oferta.

"O prêmio de risco geopolítico está desaparecendo, pois até agora não houve interrupções no fornecimento. Mas como não está claro como o conflito pode evoluir, é provável que os participantes do mercado mantenham um prêmio de risco por enquanto. Portanto, os preços devem permanecer voláteis no curto prazo", disse Giovanni Staunovo, analista do UBS.

BOLSAS CAEM, EXCETO NA CHINA

As principais Bolsas europeias operam em queda na manhã desta segunda, refletindo o que ocorreu na Ásia. A exceção foi a China, onde as três Bolsas subiram. Já nos EUA, os futuros dos índices de Wall Street estavam próximo da estabilidade.

O futuro do S&P 500 estava em alta de 0,1% e o da Nasdaq estava estável. "Só o tempo dirá se a falta de reação do mercado é ingenuidade ou uma avaliação adequada da situação", disse Paul Jackson, chefe global de pesquisa de alocação de ativos da Invesco.

O índice STOXX600, referência na União Europeia, estava em desvalorização de 0,49% às 9h (horário de Brasília). As Bolsas de Londres (-0,25%), Paris (-0,84%), Madri (-0,37%), Milão (-1,15%) e Frankfurt (-0,53%) também operavam em queda.

Na Ásia, a Bolsa de Tóquio recuou 0,13%, enquanto Seul teve baixa de 0,24%. Já as operações na China foram na contramão com o índice CSI300, que reúne as principais companhias listadas em Xangai e Shenzhen, fechando em alta de 0,29%. O índice SSEC, de Xangai, saltou 0,65%, e a Bolsa de Hong Kong valorizou 0,67%.

De acordo com analistas, a alta na China foi resultado de um maior fluxo de entrada de investimentos por meio de um recurso chamado Stock Connect, com os investidores onshore comprando 7,9 bilhões de iuanes (US$ 1,11 bilhão) em ações de Hong Kong, a maior cifra desde 30 de maio.

Analistas disseram que quanto mais as tensões no Oriente Médio persistirem, maior será o risco de um período prolongado de altos preços do petróleo, o que poderia aumentar a inflação e prejudicar o crescimento econômico global."O governo Trump provavelmente terá dificuldade em equilibrar as ambições nucleares do Irã e, ao mesmo tempo, evitar um aumento prolongado nos preços do petróleo bruto, o que, por sua vez, elevará a inflação e enfraquecerá a economia dos EUA", disse

Analistas disseram que quanto mais as tensões no Oriente Médio persistirem, maior será o risco de um período prolongado de altos preços do petróleo, o que poderia aumentar a inflação e prejudicar o crescimento econômico global.

"O governo Trump provavelmente terá dificuldade em equilibrar as ambições nucleares do Irã e, ao mesmo tempo, evitar um aumento prolongado nos preços do petróleo bruto, o que, por sua vez, elevará a inflação e enfraquecerá a economia dos EUA", disse Michael Alfaro, diretor de investimentos da Gallo Partners, um fundo de hedge focado em energia e indústria.

Michael Alfaro, diretor de investimentos da Gallo Partners, um fundo de hedge focado em energia e indústria.


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