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Ambição dos americanos sobre os metais críticos no território brasileiro e outros destaques do mercado

Por Folha de São Paulo

25/07/2025 8h45 — em
Economia



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Ambição dos americanos sobre os metais críticos no território brasileiro, UE aprova pacote de retaliações aos EUA e outros destaques do mercado nesta sexta-feira (25).

**TEM MINERAL SOBRANDO AÍ?**

O encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos, Gabriel Escobar, afirmou que o governo americano tem interesse nos minerais críticos em solo brasileiro.

O representante de Washington demonstrou atenção à Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos que o governo Lula está elaborando —e que deve ser finalizada neste semestre, segundo entrevista do ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) à Folha de S.Paulo.

Críticos por quê? Os minerais críticos são insumos considerados essenciais para a economia e a segurança nacional de um país, mas que enfrentam riscos elevados de escassez ou interrupção no fornecimento.

Isso ocorre, em boa parte, porque a sua produção está concentrada em poucos países, além da dificuldade de substituição por outros materiais e da alta demanda em setores estratégicos como energia limpa, tecnologia, defesa e mobilidade elétrica.

Esses minerais são fundamentais, por exemplo, para a fabricação de baterias, turbinas eólicas, veículos elétricos, equipamentos eletrônicos e sistemas militares.

Entre eles estão lítio, cobalto, níquel, grafite, nióbio, terras raras, tântalo, cobre e urânio.

NO DOS OUTROS, É REFRESCO

Os Estados Unidos têm buscado diversificar seus fornecedores desses materiais, principalmente para depender menos da China.

O país asiático chegou a restringir a exportação de terras raras aos EUA em meio às tensões com a gestão Trump. O Brasil poderia se posicionar como uma opção mais amigável de fornecedor.

SEM MEDO DE SERE FELIZ

A princípio, não há impedimento para que empresas americanas atuem na mineração no Brasil. Já há diversas companhias privadas estrangeiras fazendo esse trabalho, como chilenas e argentinas —embora os governos, diretamente, não o façam.

Em discurso no Vale do Jequitinhonha (MG), o presidente Lula destacou a soberania do Brasil sobre os recursos naturais de seu território, citando os minérios.

"Temos todos os minerais ricos que vocês querem para proteger, e aqui ninguém põe a mão. A única coisa que eu peço é que o governo americano respeite povo brasileiro como eu respeito o povo americano", afirmou.

Questionado sobre a possibilidade de um acordo com os EUA sobre os minerais, o vice-presidente Geraldo Alckmin tergiversou dizendo que existe uma pauta muito longa que pode ser "explorada e avançada".

**À FRANCESA**

Os europeus são elegantes em tudo o que fazem, pelo menos na visão de muitos brasileiros. Eles tentaram resolver o imbróglio tarifário com Donald Trump em clima ameno, tomando café da tarde, conversando em sussurros e recorrendo a indiretas.

Mas, não teve jeito, chegou a hora de resolver o problema no tapa —ainda que usando luvas de pelica.

Os países membros da União Europeia aprovaram ontem um pacote de contrapartidas em relação a 93 bilhões de euros (R$ 604 bilhões) em produtos americanos.

SOLTANDO O FREIO

A comissão decidiu unir dois pacotes de tarifas, um de 21 bilhões de euros (R$ 136 bilhões) e outro de 72 bilhões de euros (R$ 468 bilhões), em uma única lista de taxação.

O golpe é atenuado porque as medidas só serão impostas caso o bloco não chegue a um acordo comercial com os EUA, segundo diplomatas. Nenhuma contramedida entrará em vigor antes de 7 de agosto.

Caso não chegue a um acordo com a Casa Branca, a UE sofrerá com uma tarifa de 30% sobre as suas exportações para os Estados Unidos.

Amigos? Talvez. Os dois protagonistas dessa história parecem estar se encaminhando para uma possível resolução que resultaria em uma tarifa ampla de 15%, espelhando o acordo que Washington firmou com Tóquio.

CONTRARIANDO EXPECTATIVAS

Com um aliado do porte dos Estados Unidos saindo aos poucos de cena, a expectativa era de que a China ocupasse cada vez mais espaço na economia europeia. Contudo, a animosidade entre os europeus e a China só cresceu com a guerra comercial.

O dirigente chinês, Xi Jinping, encontrou-se ontem com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e pediu “mais confiança mútua”. Em contrapartida, os líderes europeus cobraram mais equilíbrio nas relações comerciais e maior atuação de Pequim para pôr fim à guerra na Ucrânia.

A UE tem um déficit comercial histórico com a China que alcançou 304,6 bilhões de euros (R$ 1,98 trilhão) e quer mudar isso, ideia que desagrada Jinping.

**DIAMANTES EM LIQUIDAÇÃO**

Os diamantes são eternos e assim deveriam ser as relações coroadas com uma pedra dessas. A ideia foi popularizada por uma propaganda da De Beers, conglomerado britânico-sul-africano de mineração.

A noção de perenidade é justificada pelo tempo dos minerais, que é muito diferente do tempo dos humanos: a Terra leva mais de 1 bilhão de anos para forjar um diamante. Hoje, é possível fazê-lo em uma semana.

COMO ASSIM?

Há laboratórios que conseguem simular as condições geológicas do nosso planeta e produzir diamantes de três quilates em apenas sete dias.

A China responde por mais de 70% dos diamantes sintéticos usados por joalherias no mundo.

MUDANÇAS

A demanda por diamantes naturais caiu globalmente —está difícil pagar por um luxo como estes em tempos de vacas magras. Empresas como a De Beers e suas concorrentes —Alrosa, Rio Tinto e Petra Diamonds— viram suas receitas despencarem.

Os diamantes brilham na fatia demográfica que reúne aqueles que sonham com uma joia cravejada, mas não têm condições de pagar por um natural. Noivos de classe média, talvez?

Um diamante sintético de três quilates custa apenas 7% do valor de um natural equivalente.

Nos EUA, as pedras sintéticas já representam 17% do mercado de varejo em volume (ante 3% em 2020) e mais da metade das alianças de noivado.

Analistas consideram que o setor tradicional enfrenta um processo de “canibalização permanente”.

NÃO É DE HOJE

A tecnologia para produzir os diamantes de laboratório existe desde a década de 1950, mas só recentemente tornou-se financeiramente viável para aplicação em joias.

A China começou a produzir a pedra preciosa por motivos estratégicos nos anos 1960, depois de romper com a União Soviética, e consolidou a indústria na província de Henan em 1980.

**PARA LER**

“Minimalismo digital”

Cal Newport. Alta Books. 304 páginas.

Em um mundo feito de excessos, é difícil saber o quanto é suficiente. O consumismo tornou-se parte de todos: seja gastando dinheiro ou sonhando em ter o suficiente para não precisar se preocupar com as despesas.

Neste livro, o autor fala sobre outro tipo de excesso que permeia o cotidiano atual: o uso exagerado de tecnologia, que tem tudo a ver com consumismo e desperdício.

Aqui, Cal Newport explora uma tendência pequena, mas curiosa: os minimalistas digitais, pessoas que tentam usar menos tecnologia no dia a dia.

Eles trocam smartphones por celulares que podem apenas fazer ligações, se informam na televisão ou em jornais impressos, reúnem-se com os amigos apenas ao vivo e têm acesso às informações do trabalho só no horário do expediente.

Para alguns, a ideia de uma vida assim é o paraíso. Para outros, um pesadelo. O autor tenta transmitir os dois lados da moeda. No capítulo final, ele dá dicas para começar um processo de “faxina digital” para quem se sente sobrecarregado pela vida nas redes.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

Alívio. Os viciados em cafeína podem respirar tranquilamente, já que o preço do café começa a cair —mas o quilo ainda custa R$ 80 em SP.

Torra-torra da Raízen. Fabricante de combustíveis vende 55 usinas para Thopen e Gera por R$ 600 milhões.

Um Kindle pelo preço de três. Aparelho com tela colorida chega ao Brasil após nove meses de lançamento, com o preço de quase o triplo do modelo antigo.


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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

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