Vagina, bumbum e corrupção
Em fevereiro de 2016 uma mulher foi presa durante visita a Penitenciária Industrial de Cariri, em Juazeiro do Norte. Submetida a uma revista, foram encontrados em sua vagina "sete celulares, cinco fones de ouvido, cinco carregadores e um Pen driver". No ânus, 165 gramas de maconha em pequenos saquinhos. Superdotada, os policiais que a revistaram disseram, à época, que ela poderia ter inserido nas partes íntimas o dobro do descoberto. Portanto, não surpreende que o senador Chico Rodrigues, (DEM-RR), tenha utilizado desse recurso para esconder “entre” as nádegas R$ 30 mil. Podia caber mais..
Fora as gozações que alavancaram as redes sociais, o que ficou dessa história não foi apenas o constrangimento que o caso provocou no Senado e no Palácio do Planalto, onde Chico tinha livre acesso por ser amigo do presidente e vice - líder do governo. Ficou a impressão, errônea, de que todos os políticos são desonestos ou ladrões.
Não foi o poder político que degenerou, nem a politica pode ser satanizada porque casos como o de Chico se repetem todos os dias. O que degenerou foi a sociedade como um todo. Ou o Poder Legislativo não é o retrato dessa mesma sociedade, ou o que ela desenha a cada eleição?
O problema da corrupção é a hipocrisia com que ela é tratada. De um lado "os bons", “incorruptíveis". De outro, os maus. “Ele não presta”, "ele é bandido”, "aquele é honesto”. E estes são conceitos certos sobre o “outro" apenas quando somos melhores que ele, mais cientes de nossos deveres como cidadãos.
Se em meio a tanto controle a corrupção não tem freio é porque a sociedade adoeceu, e todos, sem exceção, podem incorrer no mesmo erro do senador. Ou a Policia Federal, uma instituição respeitada, de quando em vez não apareceria denunciando um de seus agentes ou delegados; o Conselho Nacional do Ministério Publico não afastaria promotores e procuradores por má conduta, ou o Conselho Nacional de Justiça não estaria, como agora, punindo juizes corruptos.
Portanto, não se acabará com a corrupção com mil "Lava jatos'. O que vai acabar com a corrupção é a educação . E é nisto que o Brasil não tem apostado.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.