Tragédias que se repetem em Manaus
- A cada chuva a cidade é inundada, famílias são remanejadas, desabamentos registrados, e os prejuízos incalculáveis. De quem é a culpa?
Manaus se “preocupou” nos últimos 40 anos com um “sistema de esgoto eficiente” e falhou. A privatização da Cosama criou distorções, lucros exorbitantes da concessionária e uma conta extorsiva que chega mensalmente ao usuário. Para piorar, a construção de galerias para águas pluviais foi ignorada, enquanto a empresa se apossava de toda infraestrutura da Cosama, com direito também de explorar lagos subterrâneos em torno da cidade. Quer dizer, a cereja do bolo foi entregue a uma empresa privada que consegue se sair melhor na publicidade do que nas contrapartidas previstas no contrato de concessão.A cada chuva a cidade é inundada, famílias são remanejadas, desabamentos registrados, e os prejuízos incalculáveis. De quem é a culpa?
Cabe incluir no contrato de concessão com a Águas de Manaus a construção e manutenção de galerias para escoamento de águas pluviais. O poder público não pode mais assumir esse ônus, ou mesmo dar, como tem feito, uma mãozinha em troca não se sabe do quê, à companhia, com recursos internacionais aplicados em saneamento básico, quando essa competência é da empresa concessionária.
Tem algo de podre nas obras de saneamento, na construção de usinas de reciclagem de esgoto pelo Estado e em seguida entregues à Águas de Manaus. Em troca do quê?
Os órgãos de controle, especialmente o MP e o Tribunal de Contas, têm fechado os olhos a esse jeitinho de compartilhar o público com o privado.
Chega de o Estado e o Município investirem em usinas de tratamento de esgoto e unidades de expansão de coleta e distribuição de água, para em seguida entregar de mão beijada a uma companhia divorciado das reais necessidades do usuário.
Afinal, a concessão do Estado e do Município para a Águas de Manaus não prevê parceria público-privada. E ainda que houvesse essa previsão contratual, teria necessariamente que resultar em tarifas menores, considerando que quando o Estado do Amazonas investe em saneamento está utilizando recursos da sociedade, dinheiro do Bird, cuja conta será cobrada do contribuinte.
ASSUNTOS: chuva, desabamentos, Manaus
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.