'Poder Paralelo' dita regras do jogo político nas zonas vermelhas de Manaus
O combate as organizações criminosas que dominam a periferia de Manaus, espalhando terror e morte, tem passado ao largo do discurso dos candidatos nesta eleição. A razão parece óbvia: para entrar em certas áreas da cidade e fazer campanha eles precisam de uma “autorização”.
Esse passaporte para chegar ao eleitor é uma moeda de troca, a primeira concessão ao poder politico em formação pelo poder paralelo, e a admissão de que o crime organizado não pode ser superado ou combatido.
O tema segurança pública, da forma como vem sendo colocado - encher a cidade de “olhos eletrônicos” - as chamadas câmeras de segurança - é uma piada. Serve para justificar despesas desnecessárias, favorecer amigos e deixar as coisas como estão.
Não há proposta de políticas públicas para a área, uma interação entre Estado e Município, uma busca de saídas que contemple principalmente a educação e ações sociais em zonas “vermelhas” da cidade.
Falam em polícia, mais polícia. Como se polícia fosse a solução. Não é.
Os candidatos sabem onde está a massa de eleitores que pode decidir uma eleição : na periferia, morando em becos e vielas sob domínio do crime organizado, transformada em moeda de troca nas campanhas eleitorais, escrava do medo e usada pelo sistema politico doentio, submisso, contaminado pela corrupção e pelo vício.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.