O recuo do governador do Amazonas e suas consequências
- Wilson Lima fez um exercício de auto desconstrução de seu governo e tornou-se, definitivamente, um fantasma no palácio da Compensa.
O governador Wilson Lima não apenas recuou, mas também abriu mão do resto da autoridade que ainda detinha. Pressionado a flexibilizar o decreto que estabeleceu o lock-lima, com o gosto acre e amargo da medida que mandava fechar serviços não essenciais para evitar o avanço da Covid-19, o governador fez um exercício de auto desconstrução de seu governo e tornou-se, definitivamente, um fantasma no palácio da Compensa.
Enfraquecido, fica mais vulnerável a grupos de interesse - os mesmos grupos que o querem refém, impopular e confinado. Pior, agora a receita é o protesto e o governador não terá descanso.
Mesmo contando com um serviço de inteligência e uma “Polícia Militar ativa”, Wilson não sabia das manifestações de sábado, até elas explodirem, o que mostra que a inteligência do governo falhou e precisa ser mudada.
Falharam também assessores que o ajudaram a redigir o decreto questionado, pouco se importando com suas consequências. Falhou a comunicação do governo, que não preparou a população para as medidas que seriam tomadas.
Wilson precisa restabelecer a autoridade - para alguém acreditar nele, inclusive quando for ele, como autoridade maior do Estado, a alertar que há um vírus com alta letalidade circulando e que medidas precisam ser tomadas para evitar centenas de mortes.
A receita é simples: demitir todo esse pessoal e romper com o grupo de comunicação que esteve por trás de sua eleição.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.