O Estado contra o crime
- Mesmo contra criminosos armados, o Estado não pode tudo. Ele continua obrigado a seguir a lei, respeitar o devido processo legal e o direito à vida — deveres que não acabam nem em meio ao tiroteio.
- Dizer que os mortos tinham passagem criminal não basta: o Estado Democrático não aceita execução sumária nem transforma morte em estatística de sucesso.
- O problema não se resolve com o fuzil. Outros ocuparão os mesmos postos dos que morreram, dentro e fora das cadeias. É preciso inteligência, integração e prevenção — e não apenas operações midiáticas.
Quando a violência vira marketing, o poder público confunde força com brutalidade. O verdadeiro poder é agir com firmeza, mas dentro da lei.
A morte de criminosos do Amazonas na megaoperação do Rio mostrou que o crime hoje é nacional. Facções se espalham entre os estados, conectadas por redes que o poder público ainda não consegue cortar. O que é comemorado pelas autoridades do Rio de Janeiro representa um alerta para Manaus e todo o Amazonas.
A operação no Rio revelou ainda algo mais grave: o crime está infiltrado dentro do próprio sistema de segurança. Houve vazamento. Isso é inegável e precisa ser investigado com seriedade. Um Estado que combate o crime com informações vazadas perde autoridade e credibilidade.
ASSUNTOS: CV, PCC, rio de janeiro
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.