Não foi o Zé. Mentira checada, mas provocou estragos
Uma mentira, bem contada, não precisa ser repetida mil vezes para ganhar aparência de verdade. Basta um click que ela se reproduz como um vírus. E sua capacidade de disseminação é tão intensa que ninguém pergunta a sua origem. A mentira não seria tão destrutiva e mortal se as pessoas fossem menos passivas.
Não é a mentira que é mutante, são as pessoas que a reproduzem, conscientemente ou não.
São disseminadores as mesmas pessoas que se acham certinhas, os melhores cidadãos, mas se regozijam com o infortúnio dos outros. E, como todo mundo, têm segredos bem guardados… Estes sim, são reais e assustam.
Julgam-se os melhores cristãos, mas são indiferentes ao estrago que essa predominância da mentira produz em outras pessoas.
São tantas as vítimas e tão inúteis os mecanismos criados para inibir a disseminação da mentira que todos os dias nos deparamos com uma violência brutal, produto de mentes doentias - seja imputando crimes a outros, seja com potencial de destruir famílias e biografias.
São tantos os exemplos, mas o que ficou de ontem para hoje foi a mentira sobre um suposto projeto de lei do deputado José Ricardo (PT-AM), proibindo o jogo de sinuca no Brasil por se tratar de um esporte racista.
A coisa foi tão bem armada, tão bem produzida que logo ganhou espaço em todas as mídias. Uma mentira checada, mas quem disse que a checagem repara o dano que continua causando? O desmentido não chega com a velocidade necessária, não tem o motor nem o arranque que a falsa noticia tem.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.