Marcelo Ramos deve optar por sair do PL ou ser engolido pelas feras que estão chegando
Não dá para subestimar o presidente Bolsonaro. Mas muitos o fazem por descuido ou inexperiência com o mundo corrosivo da política. Esses precisam se reinventar. O deputado Marcelo Ramos, crítico do presidente, é um deles. O eventual ingresso de Bolsonaro no PL tem dois efeitos para Marcelo: ou silencia sobre as peraltices do presidente ou torna-se o patinho feio de uma sigla disposta a abrigar apenas cisnes adultos, capazes de alçar voo sob o comando do capitão e seguindo suas regras.
Marcelo não está acostumado a engolir desaforos, nem caminhar em pântanos. O que Bolsonaro leva para o PL é um pouco de escuridão, pois é no escuro que os fantasmas se revelam.
O incômodo de Marcelo é tamanho que expõe sua fragilidade. A entrevista que concedeu ao programa Roda Viva, da TV Cultura, revelou um confuso entendimento do que está sendo desenhado. “A presença de Bolsonaro no PL é incômoda, mas o futuro do país é mais importante que o projeto de qualquer partido”, disse o parlamentar.
O que revelou com essa frase? Que a contragosto ficará no partido porque, apesar de Bolsonaro o que importa é o País?
Há um problema mais visível e mais imediato que Marcelo não percebeu: Bolsonaro não o quer no PL.
O primeiro sinal foi dado pelo pré-candidato ao Senado e ex-superintendente da Suframa, Alfredo Menezes.
- Marcelo é uma imundície de ser humano porque não tem valores. Engana a todos e só quer o poder pelo poder.
Menezes saiu do prumo. Para quem está pleiteando uma vaga de senador, o ataque a Marcelo, além de desproporcional e sem sentido, revela um estado de beligerância que antecede inclusive ao ingresso formal de Bolsonaro na sigla. Mas indica que o presidente está agindo, do modo dele. A natureza dele é essa: humilhar, desestabilizar, destruir seus desafetos.
Marcelo foi colocado contra a parede. Mas ainda há portas de saídas. A armadilha ainda não foi acionada…
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.