Manaus, uma cidade que comprou sonhos que se transformaram em pesadelos permanentes
Quem não gosta de Manaus? Do seu calor, das apertadas avenidas, do monotrilho desenhado em papel machê? Dos viadutos que se espraiam em ruas paralelas que formam grandes nós? Monstrengos montados sem planejamento e vendidos para a população como símbolo do avanço estrutural de uma metrópole. Mas que metrópole? Manaus merecia mais. Completa neste 24 de outubro 352 anos com o passado enterrado, com o presente comprometido e com o futuro marcado por incerteza.
O centro histórico é uma brincadeira de mau gosto. O que há ali são fachadas de prédios destruídos. Não há história, porque história é um conjunto de fatos que formam um organismo imortal, como uma casa ou um prédio tem que ter alma.
Neste 24 de outubro vai haver festa. Dois pra lá, dois pra cá, como uma dança de toada que na verdade é o que melhor representa a cidade que vai-e-vem, como um balanço que não sai do lugar.
O melhor de Manaus é a sua gente. Gente boa, mas sofrida e ainda assim, alegre, divertida, sonhadora.
Quem sabe possamos um dia resgatar a sua história. Resgate verdadeiro, sem maquiagem…
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.