Veja como alguns políticos e empresários mentem e o prejuízo que isso causa ao Amazonas
Política e mentira andam juntas, mas não são irmãs siamesas. Prosperam onde a educação é precária e o espaço para vender ilusões é imenso. Como as pessoas não tem memória, ou nada questionam, é fácil repetir a cada década uma história de redução da pobreza, da geração de empregos, da energia barata, do gás chegando a preços baixíssimos.
Por trás das mentiras, grandes projetos que sugam a riqueza do Estado e desaguam em poucos bolsos.
Vejam o exemplo da hidrelétrica de Balbina, construção defendida nos anos 80 pela Associação Comercial e Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (e, claro, pelos políticos). O que diziam essas entidades:"que a hidrelétrica tornaria a energia barata", mas o preço quintuplicou após sua construção, além de promover o maior desastre ecológico da história do Brasil.
O que diziam do gasoduto Coari-Manaus? Que ele tornaria o gás mais barato, que haveria postos espalhados por Manaus e os carros abasteceriam com um produto com baixo impacto ambiental e, portanto, ecológico.
O gás é produzido, e não chega ao cidadão que dele necessita, mas está nos apartamentos de luxo da Ponta Negra e outros de igual padrão espalhados em áreas meticulosamente escolhidas pela empresa distribuidora. Quer dizer, um produto para os ricos.
Como investir em distribuição é caro, os bombas não apareceram e o gás não chegou aos postos de combustíveis na medida que a cidade necessita. Ficou no passado a ideia de que o produto livraria os proprietários de carros das altas do preço da gasolina e do diesel. Mentiram descaradamente.
Quantos postos de gás combustível existem em Manaus?
Hoje há uma greve em Urucú e a Petrobras passando os poços para empresas privadas, compromissadas apenas com o lucro cada vez maior, fora o gás levado de outros poços do Amazonas em caminhões , sem pagar impostos, para Roraima.
E, pior, patrimônio público entregue a preços abaixo dos de mercado para grandes grupos empresariais, focados numa política de preços escorchante.
A última notícia, má notícia, foi a venda da Refinaria de Manaus para o Grupo Atem. Que já tinha benefícios demais, com postos espalhados em áreas próximas a residências e escolas em flagrante desrespeito ao Plano Diretor Urbano e Ambiental de Manaus.
Mas todos fecham os olhos. Afinal, quem nada tem, está próximo de um Posto Atem. Ah, tem um posto Atem em qualquer esquina...
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.