Compartilhe este texto

Manaus, 24 graus. Tempo mudando, natureza gemendo


Por Raimundo de Holanda

05/06/2022 19h36 — em
Bastidores da Política



Contribuímos, com nossa omissão, para uma mudança radical do clima. Em Manaus, assistimos nos últimos anos a destruição de  toda a vegetação que cercava a cidade. Vimos igarapés serem aterrados ou transformados em esgotos a céu aberto. Como seres desesperados a procura de oxigênio, esses cursos d’água continuam correndo em direção ao rio Negro, onde desaguam na dramática tentativa de respirar...

O mês de junho chegou sem o costumeiro calor da época. Metade do ano e um inverno que já dura 8 meses. Não é normal o sol se esconder entre as nuvens e a temperatura oscilar entre 24 e 28  graus. Não para os amazonenses.

Imagino um verão assim, estendido, com a temperatura beirando os 40 graus. Vivo em Manaus há muito tempo e os verões são insuportáveis, mas esse inverno baixou a temperatura e mudou a noção que tínhamos do tempo e das estações do ano.  Meteorologistas podem ter outra explicação, mas parece claro que o clima está mudando radicalmente pela ação do homem.

De certa forma somos cúmplices de uma destruição da natureza feita sob o nosso olhar e que avalizamos pelo silêncio e pela indiferença.

A cidade de  Manaus, por exemplo, cresceu horizontalmente nos últimos 40 anos e esse crescimento, que não parou, destruiu parte de sua vegetação natural. Os igarapés ou foram aterrados  ou transformados em esgoto a céu aberto.

Como seres desesperados a procura de oxigênio, esses  igarapés - esgotos continuam correndo em direção ao rio Negro, onde deságuam para respirar.

Envenenamos ou enterramos os igarapés e sequer imaginamos que estávamos envenenando o rio que abastece nossas casas e  cuja água 95% da população bebe. É água tratada? Diz a empresa concessionária que sim. Mas quem vai averiguar isso? 

O ideal seria não envenenar o rio Negro, não ter transformado os igarapés em esgotos.  O ideal seria não pagar na conta de água uma taxa para a empresa usar os igarapés como escoadouro de fezes e água servida das residências,

Quer dizer, eles matam os igarapés e ainda cobram pelo seu uso… Isso tem que mudar, isso precisa mudar.

Siga-nos no


Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.