Líder de organização criminosa tem saudade de Manaus...
O presídio não é o pior lugar do mundo para os líderes de organizações criminosas. Por falhas do próprio sistema prisional, conluio de autoridades e corrupção, eles fazem da cadeia o centro de decisões, conquistam o respeito dos demais presos e comandam tanto o tráfico de drogas quanto um verdadeiro exército de soldados espalhados pela periferia das grandes cidades, distribuindo drogas, assaltando e decidindo quem vive e quem morre. O presídio, de certa forma, lhes dá um tipo de liberdade e segurança que não têm aqui fora.
Mas o sistema de justiça impõe limites para o cumprimento de penas, como por exemplo, a fixação de 360 dias para permanência em presídio de segurança máxima administrado pela União.
É o caso de Gregório Graça Alves, o Mano Greg, ex-líder da FDN e agora ligado ao Comando Vermelho. Ele requereu a transferência para Manaus alegando o direito de estar próximo a sua família. É um direito dele, mas como disse o desembargador Jorge Manoel Lins, “o interesse particular do preso não pode se sobrepor ao coletivo”.
Está certo o desembargador, embora a decisão não torne Mano Greg menos perigoso, ou diminua sua capacidade de dar ordens a partir do presídio pela simples razão de que o sistema prisional, para esse tipo de criminoso, não é um espaço de inanição ou restrição da liberdade de agir e comandar.
Interessante é a esdrúxula alegação da Seap - A secretaria que administra o sistema prisional no Amazonas: “O retorno do apenado ao sistema estadual ensejaria um grande risco a disciplina de todo o sistema, em razão do clima de animosidade entre as facções criminosas”. Ora, é a SEAP que diz que o sistema é falho, que a simples presença de um criminoso do potencial de Greg estabeleceria o caos. Um sistema que consome do contribuinte amazonense R$ 32 milhões mensais com a manutenção dos presídios deveria estar à altura das demandas impostas pelo sistema de justiça. Não está.
O caos começa com a administração, entregue a empresas privadas a custo elevadíssimo.O caos termina com…Não, não termina nunca.
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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.