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Isolamento gera protesto em Manaus, polícia exagera e governador é cobrado


Por Raimundo de Holanda

29/01/2021 20h47 — em
Bastidores da Política


  • A Polícia precisa conversar mais e confiscar menos, ser mais um agente apaziguador do que repressor.O governo não pode esperar que somente a população faça a sua parte. É preciso que o governador Wilson Lima faça a dele de forma mais concreta e decisiva, já que falhou ao não prever uma segunda onda da pandemia. Dele será cobrado um alto preço no futuro, inclusive pelas mortes por falta de oxigênio, mas pode se redimir agora comprando vacinas. É o mínimo que pode fazer. É o máximo que se espera dele agora.

A resistência ao isolamento social ainda é o principal  vetor da disseminação da Covid 19 em Manaus. É difícil para quem vive de pequenos negócios - entre estes, camelôs - não insistir em permanecer nas ruas, de onde tiram o sustento das famílias.

O auxilio emergencial de R$ 200, anunciado pelo governo do Estado é uma medida necessária e vem em um momento crítico, mas não contempla o universo de famílias que necessitam de recursos para o sustento.  É preciso mais do que vem sendo oferecido para manter o isolamento por um período maior do que o previsto. É urgente que a Prefeitura de Manaus entre com outras medidas - distribuição de ranchos e sopas em áreas mais pobres.

Do contrário, continuaremos a  ver cenas de protestos, de intervenção policial e de descontentamento. Mas a Polícia precisa conversar mais e confiscar menos, ser mais  um agente apaziguador do que repressor, informar e informar, conversar e conversar. A população tem que entender que não há saídas, a não ser  se convencer de que o isolamento vai inibir a propagação do vírus, vai fazer recuar as internações hospitalares e as mortes. se tornarem  menos frequentes.

E o governo tem que sair do imobilismo e comprar vacinas para imunizar não apenas os grupos de risco, mas toda a população.

O governo não pode esperar que somente a população faça  a sua parte. É preciso que o governador Wilson Lima  faça a dele de forma mais concreta e decisiva, já que falhou ao não prever uma segunda onda da pandemia.

Dele será cobrado um alto preço no futuro, inclusive pelas mortes por falta de oxigênio, mas pode se redimir agora comprando vacinas. É o mínimo que pode fazer. É o máximo que se espera dele agora.

SOBRE EUTANÁSIA EM MANAUS

Um grupo de médicos veio a público negar, de forma veemente, o uso de eutanásia - morte consentida e indolor de pacientes terminais - em Manaus. Mas a eutanásia nunca é admitida. Imaginem um grupo de médico concordando com a denúncia feita pelo presidente do Sindicato da categoria? O que se sabe é que em dado momento não dava para escolher quem vivia ou morria, com UTIS lotadas.

Quem ficou nos corredores, sem oxigênio e sem o adequado acompanhamento, morreu mesmo. Não foi eutanásia. Foi falta de planejamento do governo. Não se pode responsabilizar os médicos, mas os atestados de óbitos estão aí para se averiguar detalhadamente, a lista da morte. 

Faz sentido a nota dos médicos, mas faltou responsabilizar  o governo pelas mortes, faltou  dizer que para o exercício da atividade médica não havia o essencial:  material básico, como luvas e até mesmo oxigênio. Faltou na nota mais compromisso com o juramento de Hipócrates e menos hipocrisia.

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.