Guarda armada e treinada para deter violência do CV em Manaus
- No momento em que a abertura para o porte de armas foi escancarada pelo presidente Bolsonaro, é fácil concluir que parte desse armamento “legal” acaba em poder de organizações criminosas. E seria incompreensível manter a Guarda Municipal desarmada
A Guarda Municipal de Manaus deixa de ser um agente passivo numa cidade conflagrada pela violência. Com autorização do uso de armamento letal, pode responder a ataques ao patrimônio público e proteger cidadãos diante do avanço do poder das milícias e de organizações ligadas ao tráfico de drogas.
A medida, aprovada via Emenda Constitucional pela Assembleia Legislativa, pode ajudar a recompor, lá na frente, o sistema de segurança do Estado do Amazonas, sobre cuja liderança recai suspeitas de conluio com as organizações criminosas.
Mas isso vai depender da vontade do governador Wilson Lima ou de seu eventual substituto.
A parceria entre Estado e Município na área de segurança é fundamental para restabelecer a autoridade perdida e, mais que isso, a confiança dos cidadãos
Se considerarmos que os ataques do crime organizado no inicio deste mês tiveram como alvos escolas, postos de saúde, bancos, ônibus e monumentos públicos, a cidade de Manaus foi literalmente a mais atingida, fora o terror provocado em seus dois milhões de habitantes.
Há versões de que os ataques pararam porque houve uma trégua, mas trégua tem partes, tem acordos.
No caso da facção que implantou o terror na cidade - são as versões que se ouve - acordos teriam sido feitos nas sombras, onde prosperam negócios nebulosos, a dor, a violência e a morte.
Se confirmada a trégua tal qual os ventos revelam em sussurros tenebrosos - esperamos que não seja verdade, afinal o Estado não pode negociar com criminosos - é porque o governo como um todo falhou e capitulou.
No momento em que a abertura para o porte de armas ficou facilitada e um grande número de pessoas se habilitou portá-las (18 mil armas foram legalizadas no Amazonas entre 2018 e 2019, com esse numero podendo ter dobrado em 2020) é fácil concluir que parte desse armamento “legal” acaba em poder de organizações criminosas. E seria incompreensível manter a guarda municipal desarmada.
Para além de questões corporativas e do receio de que a posse de armamento pela GM mais violência seja praticada, nunca é demais lembrar que não será amanhã que a Guarda estará armada. Haverá todo um treinamento, criação de uma Corregedoria, estrutura médica e psicólogos com o único propósito de colocar nas ruas homens capazes de respeitar o cidadão e proteger o patrimônio público.
E, para concluir, é uma Guarda que estará sob o comando de um homem que entende de segurança, que sabe comandar uma força policial e já prestou relevantes serviços à sociedade amazonense: o delegado federal aposentado Sérgio Fontes.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.