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As facções criminosas e o poder político em tempos de eleição


Por Raimundo de Holanda

03/02/2024 20h33 — em
Bastidores da Política


  • Para vencer a guerra contra as organizações criminosas é necessário antes identificar as ligações do poder político com o poder paralelo. Mas isso implica em reinventar a política…

Os pré-candidatos à prefeitura de Manaus  travam uma batalha silenciosa nos bairros. Uma batalha por espaço, para chegar diretamente ao eleitor, furando o bloqueio imposto pelas organizações criminosas. O mapa é vermelho e andar nas ruas  da Compensa, Cidade de Deus, Nova Vitória e Colônia Terra Nova, somente  para citar alguns, requer autorização dos “xerifes”. Não é um fenômeno atual. Vem de longe.  Cresceu na esteira das invasões “consentidas”, da omissão do poder público e do conluio de agentes do estado. São áreas extremamente violentas e que produziram ano passado cerca de 800 dos 1,2 mil  homicídios registrados na cidade. 

Mas qual a estratégia para receber salvo-conduto para entrar nos becos e ruelas onde estão eleitores sem acesso a internet e que votam de acordo com a orientação da “liderança”do pedaço? Não há estratégia. 

É em tempo de eleições que as organizações criminosas se fortalecem. Acordos espúrios são fechados e de certa forma “legitimam”o espaço ocupado, com os xerifes estabelecendo o número de  votos que alguns  candidatos terão em sua área. 

É pegar ou largar, e muitos políticos pegam, sem a necessidade  de chegar à casa do eleitor e pedir votos.

São currais eleitorais, mantidos sob mão de ferro, com a subtração de direitos, o que torna muitos cidadãos prisioneiros em suas próprias casas.

É a explicação do por quê as organizações criminosas estendem seus domínios sobre as cidades e se infiltram nos poderes legalmente constituídos. Por trás delas há o poder político, amarrado a compromissos eleitorais. 

Para vencer a guerra contra as organizações criminosas, como parece ser o desejo do governo federal, é necessário antes identificar as ligações do poder político com o poder paralelo. Mas isso implica em reinventar a política no Amazonas e no Brasil;….

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ASSUNTOS: eleições 2024, fações criminosas

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.