Estado do Amazonas matou Gabriel, o garoto que sonhava ...
Ninguém pode fechar os olhos para a morte de uma criança. No caso de Gabriel, foi assassinato, se não deliberado, pela imprudência e descuido de quem organiza uma operação policial em área sensível, como uma favela sobre as águas de um rio.
Gabriel Lima dos Santos tinha 12 anos. Era bom filho, bom aluno e sonhava ser jogador profissional. Foi morto por “balas perdidas” durante uma suposta troca de tiros entre PMs e seu padrasto, acusado de guardar drogas.
O local da morte do garoto: um aglomerado de casebres flutuantes em Iranduba. Seu corpo foi guardado pelo rio, que o fez boiar um dia depois com o espírito das águas para confrontar os que o mataram.
A operação policial foi mal planejada, sem levar em conta o número de pessoas que residem em casas ligadas umas às outras por paredes de madeira. Não havia drogas.
Não é fácil ser criança e ter sonhos em um Amazonas governado por um homem que se auto-sabota e se auto-incrimina, que abre as porteiras para o crime e para a violência.
Que Gabriel tenha paz e que o desejo de ouvir torcidas comemorando gols em estádios de sonhos não seja tirado de outras crianças, como ele, por um Estado violento e cruel, cujo governador - Wilson Lima - perdeu o controle da segurança , ao entregá-la a quem é acusado de cometer inúmeros crimes.
Ninguém pode fechar os olhos para a morte de uma criança. No caso de Gabriel, foi assassinato, se não deliberado, pela imprudência e descuido de quem organiza uma operação policial em área sensível, como uma favela sobre as águas de um rio
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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.