Eleições no Brasil, o pitaco dos EUA e omissão da ‘imprensa independente'
É interessante como a imprensa “independente” trata os diversos atores que resolveram dar pitaco nas eleições brasileiras. É evidente que Bolsonaro tropeça na própria arrogância ao tentar subjugar instituições criadas para manter o processo eleitoral como base fundamental da democracia representativa. Mas a fala do secretário de Defesa dos EUA, Lloyd L. Austin, de que as eleições brasileiras precisam e devem ser limpas, é uma intromissão indevida em assuntos de um país independente. Entretanto, a fala do secretário tem um tratamento para lá de elogioso dessa mesma imprensa que diz zelar pelos interesses do Pais.
Embora seja consenso que Bolsonaro passou das medidas e haja um real perigo de ele avançar sem freios sobre as instituições do Estado, com apoio de um Congresso excessivamente submisso, opiniões de autoridades estrangeiras, com largo histórico de intervencionismo, são dispensáveis. A luta para deter Bolsonaro e manter a democracia é exclusivamente dos brasileiros.
Afinal, a decantada democracia norte-americana não passa de uma farsa. O direito ao voto nos Estados Unidos é altamente excludente, com restrições impostas a negros e latinos e reduzindo, a cada eleição, o número de sessões eleitorais exatamente para dificultar a que os menos favorecidos compareçam para votar. Pior, não é o voto do eleitorado que define o vencedor da eleição presidencial norte-americana, mas um colégio eleitoral composto por uma minoria branca.
Eleições limpas todos os brasileiros de bom senso querem e estão lutando por esse objetivo. Nem mesmo os militares serão capazes de conter essa ânsia por mudanças. Nesse aspecto, o Brasil, pelas reações da sociedade civil, já está dando um bom exemplo de civismo e compromisso com a democracia.
Dispensável a interferência ou opiniões de estrangeiros, especialmente de norte-americanos.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.