Manaus/AM – Moradores do município de Santo Antônio do Içá, no interior do Amazonas estão denunciando o prefeito, Walder Ribeiro da Costa, mais conhecido como “Ceceu” por compra de votos e intimidação de funcionários públicos.

O caso está sob investigação desde 2024 com as primeiras denúncias partindo do então candidato à prefeitura, Abraão Magalhães Lasmar. Segundo a denúncia registrada, Ceceu começou a procurar eleitores do município em agosto.Nas ocasiões, ele ou pessoas ligadas à prefeitura, como secretários, assistentes sociais e outros, teriam oferecido dinheiro, entregado telhas, eletrodomésticos, materiais de construção entre outras coisas em troca da promessa de voto.

Após a eleição que culminou com a reeleição de Ceceu, outras denúncias surgiram, dessa vez de próprios moradores que foram supostamente assediados pela equipe do prefeito.

Uma delas é Luciane Gonçalves de Almeida. Ela conversou com a equipe do Portal do Holanda e revelou que o prefeito foi à casa do pai dela, um idoso de 75 anos que estava se recuperando de uma cirurgia no coração, na tentativa de convencer a família a votar nele.

“Presenciei várias situações aqui em Santo Antônio dos Sá durante o pleito eleitoral para prefeito, mas a mais repugnante foi a que fizeram com meu pai. Ele morando sozinho porque minha mãe está com 9 meses que faleceu na minha casa lá e foram lá não em uma visita cordial já que ele nunca gostou de nossa família. Ele foi lá ordenar que meu pai ordenasse a minha família a apoiar ele. Porque a minha cunhada é técnica de enfermagem contratada, trabalha em uma das UBS aqui de Santo Antônio e o meu cunhado era vigia ali da escola indígena. A minha irmã era professora da Escola Municipal, ele foi coagir meu pai”.

Ela conta que o pai não aceitou a proposta, mesmo assim, outras pessoas da família também foram procuradas. “Ele (Ceceu), obrigou a minha cunhada a colocar a bandeira dele na casa”, afirma. Luciane conta ainda que também foi procurada por um membro da prefeitura que lhe entregou R$ 1 mil em espécie e materiais de construção para garantir seu voto a favor de Cecéu.

“Alguns dias depois chegou na porta do meu apartamento o senhor Avelino, que inclusive trabalha na prefeitura com eles. Ele chegou, bateu na porta assustado, olhando de um lado para o outro e entrou na minha casa. Ele olhou no corredor olhou para outro lado e verificou se não tinha alguém por ali para ouvir nossas conversas. Eu perguntei o que que ele queria e ele disse: ‘O prefeito pediu para eu vir aqui e para lhe dar um agrado e o secretário de finança mandou isso aqui pra senhora’. Era R$ 1000 que o secretário de finança mandou para mim. Ele estava portando uma mochila preta não nas costas com o dinheiro.  E o prefeito mandou acho que umas 90 e poucas folha de alumínio para mim cobrir minha casa, eu recebi tudo recebi porque eu estava precisando”, afirma.

O mesmo aconteceu com outro homem, Tadeu Augusto Magalhães, que mesmo morando em Manaus, afirmou ter sido procurado pelo secretário de finança para comparecer ao município e computar o voto para o prefeito e para um vereador apoiado por ele, sob retaliação de que sua esposa, funcionária pública, seria demitida caso não o fizesse.

Tadeu diz que recebeu pelo voto o equivalente a R$ 4 mil via PIX e apresentou o comprovante da transação na denúncia.

Os moradores afirmam que tiveram que entregar o comprovante de voto nas portas das zonas eleitorais para equipes de supostas pessoas que trabalhavam para o prefeito, incluindo policiais. Aqueles que se negaram a votar em Ceceu, foram demitidos no dia seguinte, segundo Luciane.

“Quem não quis votar nele, a minha irmã vestiu a camisa do do outro candidato e ele não gostou, ele deu as contas da minha irmã, deu as contas do meu cunhado, né? E de um monte de pessoas, não deu a minha porque eu não trabalho na prefeitura, né? E aí da minha cunhada, eu não sei se ele deu ou se manteve. Porque ela ia para passear ela dizia ela é evangélica, ela não gosta de bagunça e dizia: ‘Ah, eu já estou é chateada com essa situação’, mas ela tinha que ir”.

Ceceu já foi alvo de outras investigações que vão fraudes em licitações, compra de votos à desatualização do portal de transparência do município. Além disso,  ele também foi alvo de um procedimento do Ministério Público de Contas do Amazonas (MPC-AM) para apurar possíveis irregularidades em licitações que beneficiavam empresas do secretário e subsecretário de Finanças da prefeitura. 

O Portal do Holanda tentou contato com o prefeito, mas até o fechamento desta matéria, não houve retorno.