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Mulheres indígenas contestam denúncias contra acusado de estupro em aldeias

Por Portal Do Holanda

25/03/2024 21h59 — em
Amazonas



Por Ana Celia Ossame, especial para Portal do Holanda

Mulheres indígenas da terra indígena mundurucu de Kwatá/Laranjal, Paracuni e Marimari, situadas nos municípios de Borba, Nova Olinda e Maués, vão realizar amanhã, a partir das 14h, na sede de Nova Olinda do Norte, uma manifestação pedindo a libertação do ex-coordenador da Fundação Nacional do Índio (Funai), Gilmar Palheta Assunção, preso no último dia 17 sob acusação de estupro de vulneráveis em diversas aldeias.

De acordo com as mulheres, Gilmar está sendo vítima de denúncias caluniosas visando afastá-lo da defesa dos indígenas. Ele foi preso durante uma operação da Polícia Federal (PF) na casa dele, em Nova Olinda do Norte, após o registro de cerca de  20 mulheres que teriam sido vítimas dele. A PF o investigava desde o ano passado as denúncias contra Gilmar.

Mas para as lideranças da manifestação preparada para esta terça-feira, entre as quais a cacique Maria de Lourdes Colares de Oliveira, da aldeia Mucajá, situada rio Marimari, Jussara da Silva Souza e Gilcimar Assunção Rodrigues, que é irmã de Gilmar, Gilmar está sendo vítima de uma armação.

"Queremos o direito de ser ouvidas, pedimos que venham conhecer nossa realidade e ouvir nossa verdade, nunca fomos assediadas, estupradas e nem vendidas, sempre fomos muito bem atendidas pelo nosso coordenador Gilmar, não somos mentirosas, não estamos coagindo e nem ameaçando ninguém, só queremos o direito e temos direito, de nós manifestar, uma vez que estar sendo usado nosso nome sem o devido consentimento”, disseram as mulheres, em nota divulgada em redes sociais na Internet.

“Nossas mulheres e meninas estão sendo assediadas a assinar declarações contra Gilmar, feitas por grupos dentro da própria Funai”, disseram as lideranças, que divulgaram nota e estão se mobilizando pelas redes sociais da Internet. Segundo elas, foi criada uma entidade que está sendo usada para as denúncias.

Estarão na manifestação indígenas representantes dos três rios, Paracuni, Marimari e Kwatá Laranjal, representando cerca de cinco mil indígenas que estão indignados com o que consideram “armação” para tirar Gilmar da organização indígena Upimes, que vai gerir os recursos de milhões de reais a serem investidos na área para mineração na área.

Ao pedir justiça pelo coordenador Gilmar Palheta de Assunção, as mulheres afirmam que ele não teve direito de defesa, pois tudo está acontecendo por perseguição política. “Ele sempre nos defendeu e nunca deixou que essas pessoas do mal tomassem nosso território, por isso, ele foi perseguido e essas mulheres estão sendo coagidas para denunciar o nosso coordenador”, asseguram.

Funai

Em nota encaminhada ao Portal, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) esclareceu que Gilmar Palheta de Assunção foi exonerado do órgão indigenista, logo após as denúncias, em 08 de setembro de 2023, conforme portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU).

Informou ainda que a Funai tem acompanhado o Inquérito Civil aberto pelo Ministério Público Federal (MPF) e da existência de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) em andamento na autarquia para apurar as denúncias. “Cumpre esclarecer que, desde o início de 2023, todos os casos desta natureza têm sido tratados com prioridade pela Fundação”, destaca a nota.

Por fim, a Funai ressalta estar atuando com o propósito de defender as mulheres indígenas no combate a crimes sexuais, a misoginia e na busca da não-discriminação bem como para que situações de violência como essas não voltem a ocorrer em todo o país.


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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

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