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Mais de 600 flutuantes na bacia do Tarumã-açu causam preocupação no turismo em Manaus

Por Portal Do Holanda

23/02/2022 16h26 — em
Amazonas


Foto: Reunião realizada pela Manauscult com setor turístico para debater flutuantes no Tarumã-açu / Foto Divulgação

Manaus/AM - Uma situação que faz lembrar a vivida na década de 60 do século passado, quando mais de dois mil flutuantes, ocupados por cerca de 12 mil moradores, estavam na orla do Rio Negro, no Centro de Manaus, foi discutida ontem, terça-feira (22) entre a Prefeitura de Manaus e diversos órgãos e entidades ligados ao setor turístico: o ordenamento e a regularização dos mais de 600 flutuantes em operação na bacia do Tarumã-açu, na zona Oeste.

Medidas como a inclusão no Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur), cursos de capacitação envolvendo educação ambiental, manipulação de alimentos, empreendedorismo, idiomas e outros, foram anunciados pela Manauscult.

Na reunião, foi informado o registro do surgimento de 10 novos empreendimentos desses a cada mês, despertando a necessidade de garantir o maior controle da atividade, promover o ordenamento, a proteção ambiental e a geração de emprego e renda tanto na capital quanto no interior do estado.

A antiga “Cidade Flutuante” foi instalada aos poucos na orla do Rio Negro desde a década de 1920 e só quando o então governador Arthur Cézar Ferreira Reis assumiu em 1964, decidiu retirá-la, foram elaborados projetos para loteamentos dos moradores em bairros como o de Santo Antônio, Glória, Alvorada e Raiz, onde foi construído o Conjunto Costa e Silva pela então Companhia de Habitação do Amazonas (Cohabam).

O relato está descrito na tese de doutorado do historiador Leno Barata Souza, que defendeu o trabalho na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) no ano de 2010.

A Cidade Flutuante tinha todo tipo de comércio, desde estivas, roupas e até farmácia, cita o historiador. Às vésperas do fim, a cidade tinha se tornado um dos ícones do Amazonas, sendo alvo das reportagens de revistas nacionais e internacionais e locação cinematográficas atraídos pelas imagens do exótico com as quais, habitualmente, se pinta a Amazônia, disse ele no trabalho.

Mas grandes revistas do Brasil e exterior, as manchetes dadas àquele espaço eram com críticas: “A cidade flutuante de Manaus é uma espécie de Veneza selvagem e tropical [...]” (Manchete, 1963); ou os seus confrades de

“O Cruzeiro” (1963) com os emblemáticos: “Favela Veneziana” e/ou “Veneza brasileira”, ou ainda a revista suíça “Amazonie” (1962) com outra chamada hiperbólica: a “petite Venezia”.

PREOCUPAÇÃO

Na reunião de terça-feira, além de pedir ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos, vinculado ao Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado do Amazonas, o SIGRH/AM, a suspensão de novos licenciamentos ambientais para concessão do espelho d’água até que se tenha um Plano Normativo para Flutuantes Turísticos, houve a proposta de formulação e conclusão do Plano da Bacia Hidrográfica do Tarumã.

A regularização é imprescindível para que este segmento se consolide como alternativa de lazer turístico e econômico, disse Oreni Braga, diretora de turismo da Manauscult, destacando a preocupação na inserção de Manaus no contexto nacional e internacional do turismo.

Dados recentes da Associação dos Trabalhadores de Transporte Fluvial (Afluta) apontam que esse meio de hospedagem movimenta R$ 4.320.000 por ano, em diárias, com notável importância para o desenvolvimento do setor.

Estiveram reunidos representantes da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), Empresa Estadual de Turismo do Amazonas (Amazonastur), Batalhão Ambiental (BPAmb) da Polícia Militar, Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), Capitania dos Portos, Associação de Flutuantes Turísticos do Tarumã (Afluta), Associação dos Trabalhadores de Transporte Fluvial e representantes de diversos órgãos ligados ao setor turístico.


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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

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