'Garajão' em Manaus foi inaugurado como a 'casa própria do seu carro' em 1988
Manaus/AM - Ao contrário do anúncio oficial feito para sua inauguração, em 7 maio de 1988, como a “casa própria do seu carro”, o comunicado da aprovação do leilão do Edifício Garagem Jorge Teixeira, mais conhecido como “Garajão”, no centro da cidade, não recebeu tratamento vip da comunicação oficial, mas o leilão pode colocar um fim naquela que é considerada uma das obras mais polêmicas da cidade e que esteve abandonada há mais de 15 anos.
Obra do ex-prefeito Manoel Ribeiro, recentemente falecido, o Garajão tinha 12 andares, 404 vagas, loja e sobreloja, dois elevadores e custou aos cofres públicos mais de 150 milhões de cruzados (dinheiro da época). O autor da planta foi o arquiteto José Henriques Rodrigues, secretário municipal de Desenvolvimento Urbano na época.
A promessa era de atender aos proprietários de veículos com estacionamento seguro, demanda que permanece sem muitas opções naquela área da cidade, e ainda ter “geração de uma receita de 450 milhões de cruzados que seria reinvestida em educação, saúde, urbanismo, e outras necessidades prioritárias que a cidade reivindicava”.
Mas após a inauguração, os resultados não foram os esperados. Embora o prédio esteja situado em duas importantes vias do Centro, entre a Floriano Peixoto e Quintino Bocaiúva, a entrada para o edifício na rua Mundurucus, sem saída e por isso, de pouco trânsito, por isso de mão única, o que dificultava o acesso ao local.
Com isso, aos poucos, o slogan da prefeitura da “obra histórica para a cidade” foi se mostrando falacioso.
Em 2005, o edifício passou a fazer parte do patrimônio da Manaus Previdência, quando a autarquia foi criada.
Alguns órgãos como o Sistema Nacional de Empregos (Sine) chegaram a avaliar instalar um posto de atendimento no local, mas desistiram.
O abandono trouxe destruição. Há rachaduras e afastamento nas estruturas. Um laudo feito na época da última administração de Arthur Neto, revelou inúmeros problemas estruturais do prédio, além de questões na fiação elétrica e sanitárias.
Para o deputado Serafim Correa, na época da administração de Manoel Ribeiro, projetos como o Edifício Garagem podia ser uma demanda da sociedade que tivesse que ser atendida pelo poder público.
Hoje, essa demanda tem que ser da iniciativa privada, disse Serafim, manifestando ser favorável a deixar para o poder público o transporte coletivo, limpeza pública, manutenção de vias, saúde básica a educação, que são responsabilidades mais amplas que abrangem em toda a sociedade, não o edifício garagem, que vai atender a cerca de 400 proprietários de carros.
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