Espécies da flora amazônica estão no cio e embelezam jardins em Manaus
Por Ana Celia Ossame, Especial para Portal do Holanda
A floração de algumas espécies de plantas nos jardins e bosques na cidade, que acontece nessa época do ano, é presente para o olhar e um indicativo de que a natureza está no cio, nome dado ao período em que a fêmea está propensa a receber o macho para poder procriar, reproduzir.
A afirmativa é do doutor em Silvicultura, Antenor Pereira Barbosa, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). De acordo com ele, dizer que a natureza está no cio é uma forma figurada, mas bastante apropriada para traduzir processo que deixa espécies como caroba, angelim pedra, jutaí-açu, ipê roxo, amarelo e outros estão em plena floração.
Como várias espécies têm o período de floração nessa época do ano, pode-se ver nos locais onde são cultivadas o esplendor da natureza na sua mais bela expressão.
As espécies entram em sintonia e para o transporte do pólen, que é o elemento masculino de fecundidade que garante a reprodução, ao viajar de uma planta para outra não só levado pelo vento, mas por meio de insetos como abelhas, vespas, morcegos e besouros, cujo papel é essencial para esse processo.
Tudo na natureza está interligado, os animais precisam das plantas e vice-versa, mas essa sintonia só é quebrada pelo homem, afirma o pesquisador.
Para Antenor, os sinais dados pelas espécies que florescem nessa época do ano poderiam indicar para os gestores públicos, tanto municipal quanto estadual, uma ação mais intensa e frequente voltada a arborização urbana com o uso das alternativas maravilhosas oferecidas pela nossa floresta.
No entanto, a falta de diálogo entre o poder público, o Inpa ou mesmo a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), que também tem trabalhos nessa área, impede que sejam encontradas as melhores sugestões para a arborização da cidade.
O pesquisador afirma que no setor dele, de silvicultura, há inúmeros trabalhos com resultados excepcionais de curto prazo de regeneração de áreas usadas pela agricultura itinerante e pecuária extensiva, por exemplo. Mas não há demanda pelas informações.
O Inpa, segundo ele, tem catálogos com orientações mostrando os períodos de floração e frutificação de dezenas de espécies, que podem ser disponibilizados a quem estiver interessado.
De qualquer forma, em várias ruas da capital amazonense situadas em bairros como Chapada, Dom Pedro, Vila Amazonas, Vieiralves, Petrópolis, Aleixo e outros, é possível pacificar o olhar, de vez em quando, ao se avistar um jardim com as flores amarelas, vermelhas, roxas ou brancas exuberantes penduradas nos galhos.
Para Antenor, na cidade que privilegia as pedras e o asfalto, derrubando árvores que lutaram para sobreviver nos espaços estreitos dos canteiros centrais, como se viu na Efigênio Sales, essas belezas poderiam inspirar uma ampliação dessa visão e contribuir para a real valorização da natureza na capital da floresta amazônica.
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