CV e PCC fazem trégua com 'salves' e autoridades temem pelo Amazonas

Manaus/AM - Uma trégua entre as facções criminosas Comando Vermelho (CV) e Primeiro Comando da Capital (PCC) em âmbito nacional pode ter reflexos diretos na segurança pública do Amazonas. A rota do Solimões, um dos principais corredores da droga no Brasil, segue sob domínio do CV, mas agora pode ser compartilhada com o PCC.
Segundo os jornais Metrópoles e O Globo, o acordo, ensaiado desde 2019, envolve a divisão estratégica de rotas do tráfico e busca enfraquecer as restrições impostas pelo Sistema Penitenciário Federal. Conforme a publicação, o PCC emitiu diversos "salves" (avisos internos para seus membros), especialmente em estados do Norte e Nordeste, informando que agora é proibido matar integrantes da facção concorrente ou invadir território alheio.
"Na verdade, desde a internação do Marcola (em agosto de 2023), essa trégua de fato já existia no Rio e em São Paulo. Agora ela se espalhou por outros estados", disse o promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo.
O secretário de Segurança Pública do Amazonas, Marcus Vinícius Oliveira de Almeida, expressou preocupação com a trégua. "Estamos bastante preocupados. A gente compreende que uma união dessas organizações criminosas, que deveriam, inclusive, já terem sido classificadas como terroristas, certamente terá reflexo negativo contra a população no curto prazo".
O temor é que a cooperação fortaleça a presença criminosa na região, ampliando o tráfico e outros delitos, mas ainda não há uma trégua totalmente estabelecida. De acordo com uma fonte do O Globo, a Secretaria Nacional de Políticas Penais está monitorando a situação. Interlocutores da Polícia Federal (PF) também ponderam que informações que confirmem o acordo ainda não foram detectadas.
Especula-se que o PCC enxergue o CV como um braço armado para operações violentas, enquanto sua própria atuação seria focada na logística do crime. A possibilidade de uma aliança mais estruturada entre as facções mantém as autoridades locais em alerta.
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