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Falta de documentos barra vacinação de quem tem comorbidade em São Paulo

Por Folha de São Paulo

12/05/2021 21h05 — em
Variedades



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Por falta de informação, algumas pessoas com comorbidades ficaram sem tomar a primeira dose da vacina contra a Covid-19 nesta quarta-feira (12), primeiro dia em que o grupo com idade entre 55 e 59 anos passou a ser imunizado na capital paulista. A estimativa é a de que 900 mil pessoas nessa faixa etária sejam vacinadas em todo o estado, segundo a gestão João Doria (PSDB).

Para conseguir tomar a vacina, quem se enquadra neste perfil precisa provar seu estado de saúde por meio de relatório ou prescrição médica, com até dois anos de emissão, ou apresentar documentos simples, como o Bilhete Único Especial, ou ainda alguma comprovação, assinada por um médico, constatando o problema de saúde, como diabetes e hipertensão, por exemplo.

Segurando exames comprovando seus índices glicêmicos, resultantes de sua diabetes, a professora Sandra Aparecida Bueno, 55 anos, saiu frustrada da UBS (Unidade Básica de Saúde) Doutor Hermínio Moreira, na Vila Alpina (zona leste), por volta das 9h20 desta quarta, após não conseguir ser imunizada.

"Mostrei meus laudos, mas a atendente falou que só poderia liberar minha vacina se eu entregasse uma receita de medicamento, coisa que eu não tenho, pois não guardo as receitas depois de comprar meus remédios", afirmou.

Ela acrescentou que, por isso, pretende agendar uma consulta particular, para que uma receita, ou documento assinado por um médico, atestem sua doença. "Estou frustrada, pois tenho dois exames de glicemia, que provam que tenho diabetes e, mesmo assim, estou indo embora sem a minha primeira dose da vacina", lamentou.

A dona de casa Telma Tichonenko, 58, também saiu da mesma unidade de saúde sem ser imunizada, instantes depois da professora. Com hipertensão, ela levou à UBS três medicamentos usados regularmente, acreditando que isso bastaria para ser vacinada. "Estou muito triste, pois estou no perfil e não poderei tomar a vacina", afirmou.

Acompanhando Telma, sua amiga Nicoly Farias, 25, acrescentou que ambas tentaram agendar uma consulta na unidade de saúde, para que a dona de casa conseguisse algum dos documentos exigidos para a vacinação de pessoas com comorbidades. "Mas nos falaram que, para ela ser atendida, só daqui três meses. Ela não tem dinheiro para pagar particular", explicou.

Ainda na UBS da zona leste, o funcionário público Luiz Henrique Gutierrez, 56, levou um susto quando, por distração, pensou que não iria ser vacinado. Com diabetes, ele esqueceu seu comprovante no carro, para onde correu após constatar isso durante a triagem na unidade de saúde.

"Agora fico aliviado, sabendo que serei vacinado. Mesmo assim e, inclusive após a segunda dose, vou manter meus cuidados, com máscara e sem aglomerar. Quando tiver segurança mesmo, irei rever meus familiares e amigos, de quem sinto muita falta de estar junto", afirmou.

O movimento na unidade da Vila Alpina estava tranquilo durante a manhã, da mesma forma que na UBS Vila Santa Catarina, no Jabaquara, UBS Autódromo e na Etec (Escola Técnica Estadual) Irmã Agostina, todas na zona sul.

O contingente de pessoas com comorbidades, entre 55 e 59 anos, integra os novos grupos que começaram a ser vacinados desde a segunda-feira (10), quando teve início a distribuição de doses para pessoas com síndrome de Down, pacientes em terapia renal substitutiva e transplantados com idades entre 18 anos e 59 anos.

Nesta terça-feira (11) estava prevista a vacinação em grávidas em situação de risco e puérperas (mulheres que tiveram filhos há até 45 dias) com comorbidades. A imunização, entretanto, foi suspensa no estado de São Paulo após um pedido feito pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) na segunda. Ela será retomada na próxima segunda-feira (17) no estado de São Paulo.

A Secretaria Municipal da Saúde diz em nota que poderão ser vacinadas pessoas com comorbidades, de 55 a 59 anos que apresentem comprovante de condição de risco (exames, receitas, relatório médico, prescrição médica) contendo o CRM do médico. "Caso a comprovação não tenha seguido esses critérios, a vacina não é aplicada. A apresentação de medicamentos [caixas, frascos, embalagens] não é fator avaliativo para a vacinação", afirma.

A Supervisão Técnica de Saúde afirma ainda que, para a comprovação do diagnóstico de diabetes mellitus tipo 1 ou 2, não é possível realizar a triagem e diagnosticar a doença com a apresentação de apenas um exame isolado sem grandes alterações, "daí a necessidade de solicitar receitas ou relatório médico."


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