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Doria diz agora que igrejas são atividades essenciais em SP e libera funcionamento

Por Folha de São Paulo

01/03/2021 12h33 — em
Variedades



RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), lançou o mote "esperança, fé e oração" para anunciar nesta segunda (1) um decreto que enquadrará como atividades essenciais todas as igrejas do estado.

Assim, templos poderão funcionar durante eventuais lockdowns para conter o avanço da Covid-19, como supermercados e farmácias, por exemplo.

O texto será publicado nesta terça (2) no Diário Oficial, segundo Doria. "O decreto reconhece a essencialidade de todas as igrejas no estado de São Paulo e o seu funcionamento com a regularidade, obedecidos os critérios sanitários de proteção aos que dela participam. Esperança, fé e oração: com vacinas, vamos vencer a Covid. Viva a vida", disse o governador, ao lado de deputados federais e estaduais paulistas que integram frentes parlamentares evangélicas.

Na semana passada, o governador havia barrado proposta similar: um projeto de lei do deputado estadual Gil Diniz (sem partido) que estabelecia atividades religiosas como essenciais em tempos de crises.

Segundo o pastor Luciano Luna, um conselheiro religioso do governo, Doria avaliou que o texto de Diniz --braço bolsonarista na Assembleia Legislativa paulista-- carecia de requesitos sanitários. "Estava muito genérico, por isso ele tinha vetado. A preocupação dele sempre foi com a saúde. As igrejas têm bastante gente."

O veto enfureceu líderes evangélicos. A Igreja Universal do Reino de Deus, por exemplo, destacou em seu site: "Mesmo que as entidades religiosas tenham desempenhado papel fundamental -durante a pandemia de Covid-19 causada pelo coronavírus-, o governador não entendeu desta forma e vetou o projeto".

Na sexta (26), o jornal Folha de S.Paulo publicou reportagem mostrando que muitos pastores que ladearam com Doria em 2018 agora dizem que sua moral murchou com as igrejas --o que pode sair caro no ano que vem, caso ele consiga consolidar uma candidatura à sucessão de Jair Bolsonaro (sem partido), este, sim, bem relacionado com a nata do pastorado nacional.

Pastores lembram que em março de 2020, no começo da pandemia, Doria e Bolsonaro se estranharam no tema. O presidente editou um decreto para essencializar ritos religiosos, e seu rival tucano não gostou: fez um apelo a dirigentes de templos "que compreendem a dimensão da gravidade" da crise sanitária: façam "cultos e encontros virtualmente, e não presencialmente".

Doria lançou o gesto às igrejas num palanque em que tinha de um lado Damaris Moura (PSDB), eleita com apoio forte dos adventistas, e do outro Marta Costa, filha do pastor José Wellington Bezerra da Costa, que por anos comandou a Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (hoje sob tutela de outro filho).

Carolini Gonçalves, presidente do Núcleo Cristão do PSDB em São Paulo, diz que o governador se sensibilizou pelo papel exercido pelas entidades religiosas, "ainda mais evidenciado neste período pandêmico". E que isso não se restringe aos evangélicos.

"Além do fator religioso, pela fé, as entidades realizam trabalho essencial como terceiro setor. A exemplo disso, o trabalho do padre Júlio Lancelotti, que, entre suas atividades, é referência no tratamento e cuidado de moradores de rua. Ele foi símbolo de vacinação aqui na cidade."

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