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Cerca de 1.400 mães não se apresentaram para trabalho em escolas de São Paulo

Por Folha de São Paulo

01/03/2021 12h33 — em
Variedades



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Aproximadamente 1.400 das cerca de 4.500 mães contratadas pela Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), para auxiliar no cumprimento dos protocolos de prevenção contra a Covid-19 em escolas municipais não se apresentaram para o trabalho.

Segundo dados da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, 3.156 mulheres selecionadas foram aos postos do Cate (Centro de Apoio ao Trabalho e Empreendedorismo) entre sexta-feira (26) e domingo (28) para entregar a documentação e formalizar o contrato, que tem duração de seis meses.

A secretária Aline Cardoso explica que, ao longo desta segunda-feira (1º), as mães que foram chamadas e não compareceram ao Cate serão procuradas por email, SMS (mensagem de texto) e telefone pelas equipes da prefeitura para que se apresentem.

"Ao término do dia, às 17h, nós vamos verificar as vagas remanescentes e, ainda hoje [segunda, dia 1º], vamos convocar as mães, as próximas da fila, observados os critérios, para preencher as vagas remanescentes com assinatura de contrato a partir de amanhã", afirmou a secretária. Ela estima que, até o fim da semana, todas as vagas estejam, de fato, preenchidas.

A titular da pasta disse que ainda não se sabe ao certo o que motivou o alto número de abstenções. "Podem ser fatores diversos, desde impedimento pessoal até email ou SMS que não chegou. Por isso nós estamos dando essa oportunidade de voltar hoje. Se foi um problema de comunicação, a mãe não pode ser punida por isso."

Aline acrescenta, porém, que esse tipo de ausência é comum em processos seletivos. "Até em entrevistas de emprego isso acontece. Às vezes a pessoa vai ao Cate buscando uma vaga de emprego, a gente agenda a entrevista e, pelos mais variados motivos, ela não comparece. Então, infelizmente, existe mesmo uma quebra", comentou.

CRITÉRIOS

A contratação das mães foi feita por meio do POT (Programa Operação Trabalho). Para participar, os candidatos têm de estar desempregados há pelo menos quatro meses, ter renda familiar média por pessoa de até meio salário mínimo (R$ 550) e não estar recebendo outras fontes de renda.

No caso específico das mães que vão atuar nas escolas municipais, foram definidas exigências adicionais. Para que uma mulher pudesse ser contratada, também tinha de ser mãe de aluno da rede municipal e com idade ente 18 e 50 anos. Por conta da alta demanda - cerca de 37 mil pessoas aptas - foram criados critérios de desempate.

"Quem foi privilegiada? As mães mais velhas, com menos de 50 anos, e as mães que estavam há mais tempo desempregadas", explicou Aline Cardoso.

O objetivo desse critério, segundo a secretária, era o de favorecer a reinserção dessas mulheres mais velhas no mercado formal de trabalho. "Uma mãe mais próxima dos 50 anos e desempregada há mais tempo tem mais dificuldade de conseguir um emprego no mercado. Ao dar essa oportunidade a ela, nós vamos impulsioná-la para que ela tenha mais chance de voltar."

ATIVIDADE

As mães contratadas começaram a trabalhar nesta segunda. No primeiro dia, receberam instruções a respeito dos procedimentos de prevenção contra a Covid-19. "Elas vêm ajudar justamente no protocolo das escolas: distanciamento, ajudar na fila, ajudar na aferição da temperatura", explicou o secretário municipal de Educação, Fernando Padula.

Padula negou que as mulheres terão de fazer trabalho de limpeza, já que, no início de fevereiro, parte das escolas municipais estava sem contrato para esse tipo de serviço. "Quando uma turma sai, aí sim, [a mãe contratada poderá ajudar com] a higienização das carteiras, mas não a limpeza bruta das escolas. Essa é feita por uma empresa contratada que faz esse trabalho. A mãe vem apoiar o protocolo", detalhou.

O secretário garantiu que, atualmente, todas as escolas municipais da cidade estão com contratos vigentes para limpeza.

Cada escola terá três mães atuando na verificação dos protocolos de prevenção contra a doença. A jornada de trabalho é de seis horas diárias (30 horas semanais) e o salário é de R$ 1.155.

VOLTA AO MERCADO

Para as mulheres selecionadas, a participação no programa é uma oportunidade para tentar se reinserir no mercado de trabalho. Desempregada há 20 anos, Audruey Simone da Silva Alves Parreira, 38 anos, deixou o mercado formal de trabalho para cuidar dos filhos. Agora, quer voltar a trabalhar.

Já Keliane Silva dos Santos, 36 anos, usará parte do salário recebido para pagar um curso técnico de enfermagem, que começou em janeiro. "Além disso, vou ajudar na renda em casa", comemora.

Para Micheline Estancati, 38, além do dinheiro, o trabalho representa uma oportunidade de estar perto do filho, do 4º ano, além de ajudar na prevenção contra a Covid-19. "É muito bom estarmos fazendo esse tipo de trabalho porque vai orientar as crianças na questão da higiene e distanciamento, para que eles continuem vindo às aulas e estejam saudáveis, sem atrapalhar o aprendizado. É muito importante que eles estejam na escola, no convívio com professores e com os outros alunos", opina.

A secretária Aline Cardoso acrescenta que, além da atuação na fiscalização dos protocolos sanitários, as mulheres participantes farão um curso online de 166 horas para capacitação profissional. Elas receberão conteúdos sobre como montar currículo, como se preparar para uma entrevista de emprego e outros assuntos ligados ao mercado de trabalho.

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