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Banco online permite acesso a dados genéticos de quase 10 mil espécies de animais

Por Folha de São Paulo

18/11/2025 11h38 — em
Variedades



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um consórcio entre o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e o ITV (Instituto Tecnológico da Vale) construiu o primeiro banco genômico brasileiro de espécies de animais vertebrados. O objetivo, segundo as instituições, é tornar esses dados acessíveis e facilitar pesquisas científicas.

O lançamento do GenRefBR, que já está disponível para acesso, está previsto para esta quarta-feira (19) durante a COP30, em Belém, no Pará. Os pesquisadores responsáveis pelo banco dizem que pretendem submeter um artigo sobre o trabalho a uma revista científica para publicação.

O portal agrupa dados sobre genoma dos vertebrados vindos de diferentes bases —genomas representam a totalidade do material genético de um determinado indivíduo. Também contém informações sobre grau de risco de extinção, habitat e taxonomia. Até o momento, são quase 10 mil espécies registradas, sobretudo de peixes e aves, como a arara-azul-de-lear e a arara-azul-grande. Mas inclui ainda de anfíbios, répteis e mamíferos, a exemplo da onça-pintada, do tamandúa-mirim e de morcegos.

Por enquanto, o banco tem sido abastecido com informações de vertebrados, por serem de maior interesse do ICMBio, afirma a pesquisadora de genômica ambiental na área de bioinformática no ITV e coordenadora do GenRefBR, Gisele Nunes. Ainda segundo ela, o plano é, a partir do próximo ano, acrescentar dados de plantas e, em seguida, de invertebrados.

Gisele diz que outros seres vivos fora do reino dos animais e das plantas poderão ser incorporados ao GenRefBR desde que haja uma lista de espécies de interesse, além de bases de dados dos genomas e de outras informações.

De acordo com a pesquisadora, a criação do banco partiu de uma necessidade do próprio consórcio entre o ITV e o ICMBio, chamado GBB (Genômica da Biodiversidade Brasileira). Esse projeto visa gerar dados genômicos, em especial, de espécies ameaçadas de extinção, para desenvolvimento de políticas públicas, como criação de corredores ecológicos e proteção de habitats em perigo.

O pesquisador líder do GBB, Alexandre Aleixo, afirma que a genômica pode ser uma ferramenta útil para calcular o risco de extinção de seres vivos, já que, por exemplo, uma população com baixa diversidade genética pode ficar mais vulnerável a doenças e alterações no ambiente, como mudanças climáticas.

O projeto inclui análise genômica de espécies que ainda não têm esses dados disponíveis, mas, para isso, é preciso saber quais delas já tiveram o genoma mapeado. Gisele descreve o GenRefBR como um "facilitador de busca de informações genômicas das espécies brasileiras". Nos bancos globais, por exemplo, não é possível verificar quais espécies habitam o Brasil nem quais correm risco de extinção.

O GenRefBR também é uma forma de divulgar para outros pesquisadores onde está a lacuna de seres vivos que ainda não tiveram seu genoma mapeado e, assim, concentrar recursos no estudo dessas espécies. O portal permite o download de dados a partir de filtros selecionados pelo próprio usuário.

Outra aplicação do banco genômico é identificar quais espécies vivem em determinado ambiente a partir de amostras de solo ou água, por exemplo, sem a necessidade de grande mobilização de especialistas e taxonomistas.

Isso porque os animais deixam seu DNA no ambiente em que vivem e, com isso, é possível verificar qual material genético está presente na amostra. Essa técnica conhecida como DNA ambiental metabarcoding é uma aposta do GBB para facilitar a análise dos dados genéticos.

Na atual plataforma, os pesquisadores utilizaram como referência para espécies de interesse a lista Salve (Sistema de Avaliação do Risco de Extinção da Biodiversidade), do ICMBio, que reúne informações sobre os vertebrados brasileiros e o grau de risco de extinção deles.

"São muitos dados, muitas planilhas. E todos esses dados são agrupados dentro da plataforma com uma visualização facilitada", diz Gisele, que ressalta que o banco de dados permanecerá em atualização em razão das novas informações genômicas que surgem e da descoberta de novas espécies.


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