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1ª fase da Fuvest é marcada por interdisciplinaridade e cobra Caetano Veloso e uberização

Por Folha de São Paulo

23/11/2025 16h40 — em
Variedades



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A 1ª fase da Fuvest, aplicada neste domingo (23), foi marcada pelas mudanças anunciadas pela fundação para o vestibular deste ano, que passou a adotar uma abordagem mais interdisciplinar. A prova integrou de maneira mais direta conteúdos de filosofia, sociologia, artes e educação física, seguindo as diretrizes da BNCC (Base Nacional Comum Curricular).

Segundo professores ouvidos pela Folha, a alteração foi percebida tanto na estrutura quanto nos temas, que dialogaram com debates contemporâneos e cruzaram diferentes áreas do conhecimento. Entre os itens que mais repercutiram entre os candidatos estiveram questões sobre Caetano Veloso e sobre a uberização, além da discussão sobre a recente demonização da CLT entre jovens.

Na parte de química, a alteração ficou evidente para os educadores da área. Segundo Eduardo da Silva Machado, professor do Colégio Oficina do Estudante, houve mais questões de cálculo e com mais etapas de resolução, o que deixou a prova mais trabalhosa para quem tem menor afinidade com a parte quantitativa.

Henrique Romero, professor de química da Escola SEB AZ Lafaiete, avaliou que o nível se manteve dentro do esperado, mas chamou atenção a ausência de química orgânica, recorrente em edições anteriores. Ele citou como destaque uma questão que discutia o gasto energético da geração de imagens por inteligência artificial e suas emissões de CO?, exemplo que considerou bem alinhado à atualidade.

Em física, houve redução no número de questões. Emerson Conceição Júnior, professor do Cursinho da Poli, classificou a prova como de nível médio. Segundo o educador, parte do conteúdo de física também apareceu de forma interdisciplinar em textos da prova de inglês. Em uma das versões, o enunciado abordava gravitação e foi descrita por ele como "muito bonita".

Em humanas, os professores também observaram mudanças estruturais. Para Felipe Mello, professor de história do Colégio Oficina do Estudante, o nível foi mediano, com enunciados mais longos exigindo atenção redobrada. Ele apontou questões sobre povos indígenas, escravidão, islamismo e democracia ateniense, temas clássicos cobrados com boa exigência.

A interdisciplinaridade também apareceu em língua portuguesa. Segundo Willy Rocha, professor da Escola SEB AZ Lafaiete, as 24 questões da área dialogavam intensamente com outras disciplinas. Entre os exemplos, ele citou uma questão sobre Caetano Veloso que explicava a escolha do nome de Maria Bethânia e outra que relacionava obras literárias ao histórico de leis e políticas para mulheres no Brasil.

Mesmo com as mudanças, a estrutura da prova continua a mesma. A primeira fase terá 90 questões de múltipla escolha; na segunda, serão aplicadas a redação e dez questões dissertativas de português no primeiro dia, seguidas de 12 questões específicas no segundo.

Outra mudança está na lista de leituras obrigatórias. Pela primeira vez, todas as obras exigidas serão de autoras mulheres, decisão válida até 2028, segundo a USP. Estão entre os títulos "Opúsculo Humanitário", de Nísia Floresta, "As Meninas", de Lygia Fagundes Telles, e "Canção para Ninar Menino Grande", de Conceição Evaristo. A partir de 2029, a lista volta a incluir autores homens.

A USP manterá o total de 11,1 mil vagas para seus cursos de graduação no vestibular 2026. As oportunidades serão distribuídas entre três formas de ingresso: Fuvest, Enem USP e Provão Paulista. A Fuvest continuará como principal canal de acesso, com 8.147 vagas --sendo 4.888 de ampla concorrência, 2.053 destinadas a alunos de escola pública e 1.206 para candidatos de escola pública pretos, pardos e indígenas (EP/PPI).

Medicina mantém a liderança entre os cursos mais disputados, com 90,7 candidatos por vaga. Pelo vestibular, serão 244 vagas.

A segunda fase será em 14 e 15 de dezembro. A primeira chamada está prevista para 23 de janeiro de 2026.


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