O primeiro passo?
O Centro de Cooperação da Polícia Internacional para combater crimes ambientais e o narcotráfico na Amazônia, terá a sede em Manaus e pode ser inaugurado até dezembro. Proposta do governo federal, custeada pelo Brasil, o Centro reunirá as polícias de oito países da região amazônica, e também poderá receber agentes dos Estados Unidos e da Europa, de acordo com o noticiário. A ideia, no entanto, não agrada ao senador amazonense Plínio Valério (PSDB), conforme declarou em entrevista à jornalista Ana Célia Ossame, do Portal do Holanda. Durante a entrevista, publicada no dia 27 de setembro último, Plínio Valério afirmou que há “riscos claros para a segurança nacional”, com a presença de policiais estrangeiros, que “vão aprender o que nosso Exército e Marinha já sabem”. Logo, é “muito perigoso”. “Vejo como perigo, sim. Um policial francês, um oficial americano, vai (sic) responder a quem? Ao Brasil? Mas quando for embora vai ser fonte de informações e aprendizagens. Podem achar que isso é fantasia, mas não é. Os policiais estrangeiros vão aprender a viver na Amazônia e esse aprendizado é nosso, é demorado, por isso vejo como uma questão de segurança nacional, que deveria ser estudado com carinho”, afirmou.
Presidente da CPI das ONGs, Plínio Valério (PSDB-AM) aproveitou para reafirmar sua posição sobre o assunto e apontar uma certa semelhança entre os dois casos. “As Ongs representam os grandes grupos das transnacionais do petróleo, gás, madeira, carvão, que financiam essas Ongs. Hoje estamos dominados porque, com as inúmeras demarcações de terras indígenas e reservas florestais, imobilizam a Amazônia”, disse ele, que também garante ser a favor da ajuda de outros países, só que de outra forma.
“A cooperação é imprescindível, mas ela não precisa ser uma operação de Manaus, pode ser de equipamentos e recursos para custeio, pois temos o Exército, a Marinha e a Aeronáutica que podem agir, se forem injetados recursos, assim como helicópteros, drones, aviões. Acho que essa ajuda internacional não pode prescindir de onde a droga chega, que é nos Estados Unidos, Europa. Agora não necessariamente com a polícia deles”, insiste o senador. “Mas se querem ajudar, que seja por meio de financiamento, sem que venham para a Amazônia, dizer o que deve ser feito para proteger a região”.
Aqui está repetido apenas uma parte da entrevista. Já a referência direta a essa entrevista com o senador, deve-se ao fato de que a coluna publicada no dia 24 de setembro último, tinha o seguinte título: “Política local a passos de tartaruga”. O texto questionava a ausência da opinião de políticos sobre problemas enfrentados pelos amazonenses, a exemplo da forte onda de calor das últimas semanas, queimadas e fumaça que atingem Manaus e municípios do interior. Além da “violência que parece sem controle”.
Também sugeria que os representantes do Amazonas fossem “encontrados” para dar respostas ao eleitorado, mesmo que estivessem em Brasília. Mais uma sugestão de pauta ao Portal do Holanda. Em outras oportunidades, a redação fez ouvidos de mercador. Por isso, a entrevista com o senador, muito bem conduzida pela jornalista Ana Célia, serviu de “inspiração” para o título da coluna de hoje. Pode ter sido pura coincidência mas, quem sabe, de repente outros eleitos por escolha de amazonenses sejam “encontrados” pelo portal.
E não custa nada relembrar: são três senadores, oito deputados federais, 24 deputados estaduais, mais 41 vereadores apenas de Manaus. Tem ainda o governador do estado, o prefeito da capital, mais os prefeitos dos 61 municípios do interior e os vereadores locais. Sem dúvida que é mais prático escrever matéria com base no que os políticos dizem sobre si mesmos nas suas redes sociais, mas essa nova prática não substitui o “cara a cara”. Ou, se não tiver jeito no momento, outra forma que permita perguntas e respostas.
Tomara que esse tenha sido, de verdade, “O PRIMEIRO PASSO”.
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