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Rússia diz ter realizado teste com míssil hipersônico com êxito

Por Folha de São Paulo

29/11/2021 18h35 — em
Mundo



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em meio à disputa no desenvolvimento de mísseis hipersônicos, a Rússia anunciou nesta segunda-feira (29) que o teste com seu armamento de cruzeiro Tsirkon foi completado com êxito.

O Exército russo divulgou em comunicado que o artefato foi lançado a partir da fragata Almirante Gorchkov contra um alvo a mais de 400 km, localizado nas águas do mar Branco, no Ártico —e que foi destruído.

Um vídeo publicado pelo Ministério da Defesa mostra o míssil levantando voo à noite, em meio a um flash de luz, seguido por um rastro de fumaça.

Esse tipo de armamento pode viajar a mais de cinco vezes a velocidade do som, a cerca de 6.200 km/h. No caso do Tsirkon, que é de cruzeiro, também tem a capacidade de manobrar em pleno voo, o que o torna muito mais difícil de ser interceptado.

O artefato foi anunciado pelo presidente Vladimir Putin, em 2018, que aproveitou o discurso sobre o Estado da nação para revelar novas armas hipersônicas ao afirmar que pode atingir alvos em mar e terra, a mil quilômetros de distância.

O Tsirkon começou a ser testado em 2012, com lançamentos de protótipos de aviões e bases terrestres. Desde o começo de 2020, ele passou a ser usado na fragata Almirante Gorchkov. No início de outubro, Moscou anunciou que lançou com sucesso pela primeira vez o míssil a partir de um submarino, o que ampliou as possibilidades de uso desse tipo de armamento.

Parte da próxima geração de armas de longo alcance que são mais difíceis de detectar e interceptar, os mísseis hipersônicos fazem parte de uma disputa que envolve China, Rússia, os EUA e a Coreia do Norte.

O poderio militar de Pequim é tema recorrente no noticiário internacional. Em outubro, o jornal britânico Financial Times publicou uma reportagem afirmando que a China testou em agosto um míssil hipersônico que circulou a Terra antes de acelerar em direção a seu alvo, o que teria surpreendido a inteligência dos EUA.

Pequim negou o relato e disse que o que foi testado era um veículo espacial, não um míssil.

Recentemente, o jornal voltou ao tema e divulgou ainda que um dos testes incluiu um avanço tecnológico que permitiu que o país disparasse um míssil ao se aproximar do alvo viajando a pelo menos cinco vezes a velocidade do som —capacidade que nenhuma nação havia demonstrado até hoje.

Desta vez, a embaixada chinesa disse que "não está ciente" do teste do míssil. "Não estamos nem um pouco interessados em ter uma corrida armamentista com outros países", disse Liu Pengyu, porta-voz da embaixada ao Financial Times. "Os EUA nos últimos anos têm inventado desculpas como a 'ameaça chinesa' para justificar sua expansão armamentista e o desenvolvimento de armas hipersônicas."

Desde que o jornal britânico publicou a primeira reportagem, as tensões seguiram em alta. Ainda em outubro, China e Rússia enviaram dez navios de guerra pela primeira vez para atravessar o estreito que separa as duas principais ilhas do arquipélago nipônico, o que foi visto como uma provocação direta aos EUA e ao Japão no Pacífico.

No campo dos discursos, o presidente Joe Biden procurou fazer uma demonstração de força ao dizer, em entrevista à CNN, que os EUA defenderiam Taiwan de uma eventual invasão chinesa. A fala tocou em um ponto sensível para Pequim, que considera Taiwan uma província rebelde e, frequentemente, acusa Washington e seus aliados ocidentais de interferência em um assunto que diz respeito somente à China.

"Quando se trata de questões relacionadas à soberania e integridade territorial da China e outros interesses fundamentais, não há espaço para fazer compromissos ou concessões", afirmou Wang Wenbin, porta-voz da diplomacia de Pequim, na ocasião. "E ninguém deve subestimar a forte determinação, firme vontade e grande capacidade do povo chinês de defender sua soberania nacional e integridade territorial."

No fim de outubro, a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, também concedeu entrevista à imprensa americana e confirmou relatos de que mais de 20 membros de operações especiais dos EUA e um contingente de fuzileiros navais estão há mais de um ano em território taiwanês. A declaração ocorreu semanas após a maior incursão aérea da história da China contra as defesas de Taipé.

A tensão regional se traduziu em ameaças. No início de novembro, autoridades chinesas disseram que punirão criminalmente, "para o resto de suas vidas", políticos e ativistas taiwaneses pró-independência, em uma escalada retórica que não era vista há anos. O país não descartou o uso da força para colocar a ilha sob seu controle, apesar da afirmação do governo taiwanês de que é uma nação independente e que defenderá sua liberdade e sua democracia.

Na sequência, imagens de satélite de uma empresa americana mostraram que a China construiu maquetes em tamanho real de um porta-aviões da Marinha e de outros navios de guerra dos Estados Unidos no deserto de Xinjiang. Os modelos possivelmente foram desenvolvidos para servirem como objeto de treinamento.


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