O governo de Portugal anunciou que notificará 18 mil imigrantes em situação irregular para que deixem o país, após terem seus pedidos de residência negados pela Agência para a Integração, Migrações e Asilo (Aima) por não cumprirem as regras locais. A medida, que prevê um prazo de 20 dias para a saída voluntária sob pena de afastamento coercitivo, foi confirmada pelo ministro da Presidência, António Leitão Amaro. Segundo o ministro, uma parcela significativa dos afetados já possuía ordens de saída de outros países europeus ou teve a residência negada devido a "situações criminais".

A Embaixada do Brasil em Portugal está acompanhando de perto a situação e mantém contato com as autoridades portuguesas para obter informações precisas sobre o número de brasileiros que serão notificados. Embora a comunidade brasileira seja a maior entre os imigrantes em Portugal, as primeiras informações indicam que eles representam uma parcela menor dos 18 mil casos. O ministro Amaro revelou que cerca de dois terços dos pedidos indeferidos são de cidadãos da Índia, Paquistão, Bangladesh, Nepal e Butão.

A decisão do governo português ocorre em meio à campanha para as eleições gerais de 18 de maio, convocadas após a queda do primeiro-ministro Luís Montenegro em decorrência de um escândalo envolvendo sua família. A Casa do Brasil em Lisboa (CBL), a mais antiga associação de defesa de imigrantes no país, criticou a medida, associando-a a uma "cortina de fumaça" para desviar a atenção das acusações de corrupção contra o premiê.

Enquanto o governo português se prepara para notificar os primeiros 4.574 imigrantes já na próxima semana, elevando a expectativa de que o número total de notificações aumente diante de uma fila de 110 mil pedidos de residência pendentes de análise, a Embaixada do Brasil busca clareza sobre o impacto para os cidadãos brasileiros. O cônsul-geral do Brasil em Lisboa, Alessandro Candeas, e o embaixador brasileiro, Raimundo Carreiro, confirmaram o acompanhamento diligente do caso junto às autoridades locais.