O governo dos Estados Unidos abriu uma investigação contra o Brasil por práticas consideradas desleais ao comércio norte-americano. O documento, divulgado pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA, cita o sistema de pagamentos PIX, o centro de comércio popular 25 de Março, em São Paulo, e acusa o país de falhas na proteção à propriedade intelectual, além de citar desmatamento ilegal e barreiras ao mercado de etanol.

A apuração foi determinada pelo presidente Donald Trump, que já havia anunciado uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. O documento sustenta que o Brasil prejudica a competitividade de empresas americanas em áreas como comércio digital, serviços financeiros e propriedade intelectual. As críticas também incluem supostas retaliações às redes sociais e o que os EUA consideram práticas "injustas" de regulamentação do mercado.

Segundo o texto, a rua 25 de Março continua sendo um dos principais centros de comércio de produtos falsificados no mundo, e o PIX, ferramenta criada pelo Banco Central, é apontado como parte de uma política que favoreceria deslealmente empresas brasileiras. O relatório também acusa o Brasil de não aplicar penalidades eficazes contra a pirataria, o que prejudicaria setores criativos e inovadores dos Estados Unidos.

Além do conteúdo econômico, o relatório carrega tons políticos. O ex-presidente Donald Trump voltou a criticar decisões do Supremo Tribunal Federal e afirmou que a postura do governo Lula influenciou na abertura da investigação. Jair Bolsonaro, por sua vez, agradeceu o apoio de Trump e disse estar disposto a negociar pessoalmente o fim do tarifaço, caso tenha o passaporte devolvido. Ele também afirmou que seu filho, Eduardo Bolsonaro, está articulando sanções contra o Brasil nos EUA.

A medida causou reação imediata no governo brasileiro e no setor produtivo. O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que negociações estão em andamento e que o Brasil não pretende pedir prorrogação do prazo. O Senado autorizou o envio de uma missão parlamentar a Washington ainda em julho, e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tenta interlocução com autoridades americanas. A crise comercial se intensifica a duas semanas da entrada em vigor das tarifas.