O ex-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reconheceu o uso de uma “caneta automática” para assinar perdões presidenciais nos últimos dias de seu mandato, em janeiro deste ano. Em entrevista ao jornal The New York Times, publicada no domingo (13), Biden afirmou que foi ele quem autorizou pessoalmente cada um dos perdões, rebatendo as acusações do atual presidente, Donald Trump, de que as decisões teriam sido tomadas por assessores sem seu consentimento. 

"Eu sei o quão vingativo Trump é. Todo mundo sabe. Então, sabíamos que fariam exatamente o que estão fazendo agora (risos). Minha família não fez nada de errado. (...) Eu simplesmente sei como ele age, então eu tomei conscientemente todas aquelas decisões [perdões presidenciais], entre outras", afirmou Biden. 

O equipamento, conhecido como autopen, é usado há décadas por presidentes americanos para replicar assinaturas oficiais. Segundo Biden, a ferramenta foi acionada por sua equipe apenas após ordens verbais diretas, devido ao grande número de documentos que precisavam ser assinados. 

A defesa ocorre em meio a uma nova investigação aberta pelo governo Trump, que tenta invalidar os perdões sob a alegação de que foram emitidos sem legitimidade. Entre os beneficiados estão cinco familiares de Biden, ex-funcionários do governo e cerca de quatro mil presos condenados por crimes não violentos. Trump, por sua vez, classificou o episódio como “um dos maiores escândalos da história americana” e determinou que o caso seja apurado por sua equipe jurídica.

Biden também afirmou que já esperava retaliações políticas do atual presidente e disse que sua família "não fez nada de errado". A oposição, no entanto, tenta usar o episódio para reforçar a narrativa de que o ex-presidente estaria mentalmente incapacitado no fim do mandato — hipótese refutada por laudos médicos oficiais.