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Extremismo de Direita


Por Flávio Lauria

14/01/2024 8h00 — em
Espaço Crítico



Em meu último artigo, teci comentários sobre a verdade, e as vantagens e sinecuras dos que ocupam cargo no Executivo. Volta e meia, vejo pelas redes sociais algumas pessoas revoltadas com a situação atual do nosso país, pedindo a volta dos militares ao poder.

Não só pela ideologia de direita,  mas clamando pelo fechamento do Congresso, pela suspensão da democracia. Ideia simplória e absurda, como se os militares soubessem governar sem querer transformar o País numa caserna.

Ora, até as pedras sabem que o Parlamento constitui o órgão principal da democracia, pois é dele que saem as leis livremente discutidas, e que fora da democracia não há salvação. É isso que os extremistas de direita não entendem, rejeitando a democracia por conta de suas imperfeições. Com o mercado ocorre outro tanto.

Fora do mercado não há salvação, o que não quer dizer que o mercado é bom. É isso o que não entendem os extremistas de direita. O perfeccionismo leva, fatalmente, ao extremismo. O extremismo isola seus militantes, e isolado não se faz política, a não ser a política do desespero. Sabemos que nunca o Poder Legislativo esteve tão desmoralizado e tão desarticulado no Brasil.

Jamais seu prestígio caiu tão baixo na avaliação popular, nem deputados e senadores exibiram com tanto despudor seu baixo nível moral e intelectual, sua cupidez pelo mando, sua irresponsabilidade cívica e sua arrogância corporativa.

Nunca o Congresso foi tão medíocre, sem voz que interprete os anseios coletivos, acima da divisão dos partidos. Os parlamentares estão perdidos em questões menores, como verbas partidárias depois que perderam o orçamento secreto, ou empenhados em investigações intermináveis e inconclusivas, esquecidos de que estão no Parlamento para legislar.

A imagem da classe política é tão ruim no Brasil desses últimos tempos, que a população clama por punições para muitos de seus membros. Os meios de comunicação, desse modo, nada mais fazem do que atender esse clamor, quando "batem" com furor nos políticos. Mas o péssimo comportamento de muitos deles é mais consequência do que causa.

Expressa a própria degeneração de parte do tecido social num momento de uma transição difícil que vem passando a sociedade brasileira. Sociedade que busca, em meio a muitas dificuldades, se inserir no contexto de uma futura sociedade mundial globalizada.

A política convencional, por ser inócua nesse momento vem perdendo espaço, deixando de ser o principal fórum de debates de muitas dos mais importantes problemas do País. As questões da macroeconomia, com seu forte rebatimento na área social, é um exemplo elucidativo desse fato.

Tais questões, nos casos de que precisam de aprovação parlamentar, são empurradas, "goela a dentro", ao Congresso, através de medidas provisórias ou expedientes espúrios como "vote para ter tais vantagens".

Ora, sendo alijada de suas mais significativas funções a "classe política" tende a se deteriorar, caindo num corporativismo primário. Perde a ferramenta básica para que pudesse ter uma atuação realmente eficiente, pelo viés dos interesses do conjunto da sociedade. Mas voltar o regime militar é despropositado, disparatado e extremista.

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