Trump anuncia sobretaxa para Brasil, volta do horário de verão e o que importa no mercado
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Trump não esqueceu do Brasil e "presenteou" o país com uma sobretaxa de 50%. Explico a medida e as reações à ela.
Também aqui: bilionários a favor dos impostos sobre superricos, a volta do horário de verão e outros destaques do mercado nesta quinta-feira (10).
**SOBRETAXA DE TRUMP**
Depois de muito ameaçar, Donald Trump anunciou nesta quarta-feira (9) a imposição de uma sobretaxa de 50% sobre as importações brasileiras para os Estados Unidos a partir de 1º de agosto. E agora?
É a maior tarifa extra entre as 21 anunciadas pelo americano nesta semana.
Por quê? O Brasil não está sendo nada bom com os EUA. Em uma carta publicada por Trump e endereçada ao presidente Lula, são citados vários motivos para aumentar as tarifas sobre o país.
[1] JULGAMENTO DE JAIR BOLSONARO NO STF
O ex-presidente brasileiro e Trump são correligionários e já trocaram figurinhas publicamente algumas vezes. O republicano abre a mensagem falando sobre o aliado.
A maneira como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro é uma desgraça internacional. Este julgamento não deveria estar acontecendo. É uma caça às bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!, escreveu.
Ele atribui parte da tarifação ao processo e às punições do STF (Supremo Tribunal Federal) a provedoras americanas de redes sociais, como Meta e X.
[2] RELAÇÃO COMERCIAL DESEQUILIBRADA
Na visão de Trump, expressa na carta, o comércio bilateral entre Brasil e EUA não é vantajoso para os americanos.
É definitivo? Não dá para saber. Observando o que vem acontecendo entre países que também ganharam de presente sobretaxas, é provável que os governos negociem e a alíquota fique em algum lugar no meio do caminho.
Vai ter resposta? Ao que tudo indica, sim. Lula respondeu que retaliaria usando a lei de reciprocidade, aprovada no Congresso neste ano.
Ela prevê que o Executivo possa aplicar contramedidas econômicas, sem depender de negociações internacionais e longas tramitações.
O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém, escreveu o líder brasileiro.
**OLHANDO DE PERTO**
Como já falamos, na opinião da Casa Branca, há um desequilíbrio importante no comércio entre Brasil e Estados Unidos o suficiente para justificar uma tarifa de 50% sobre as exportações daqui para lá.
Produção volte a fita para a carta de Donald Trump.
Por favor, entenda que essas tarifas são necessárias para corrigir os muitos anos de políticas e barreiras comerciais do Brasil, causando déficits comerciais insustentáveis contra os Estados Unidos. Esse déficit é uma grande ameaça à nossa economia e segurança nacional!
UM PROBLEMINHA
Não há déficit comercial para os americanos na relação com o Brasil.
Os dados são do Comex Stat, sistema do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) usado pelo governo para a tomada de decisões e também para análises de mercado e estudos acadêmicos.
Para que a afirmação de Trump fosse verdadeira, seria necessário que os EUA comprassem mais do Brasil do que o Brasil compra dos EUA. Há 17 anos que isso não acontece.
A vantagem americana é de US$ 1,6 bilhão (R$ 9 bilhões).
O Brasil exporta principalmente commodities e produtos primários como petróleo bruto, café e itens de ferro e aço.
As importações de produtos americanos têm no topo bens ligados à aviação.
ATRASADO
O que o presidente americano disse já foi verdade. Nos anos 2000, o Brasil tinha superávit na relação com os EUA. Nesse período, chegamos a ter uma vantagem de quase US$ 10 bilhões (R$ 55,8 bilhões). O saldo foi caindo até se tornar negativo a partir de 2009. A série histórica disponível começa em 1997.
TAXA ZERO
O vice-presidente brasileiro, Geraldo Alckmin, destacou que há isenção de impostos em alguns dos produtos mais vendidos pelos EUA.
"Dos dez produtos que eles mais exportam para nós, [para] oito a alíquota é zero, não pagam imposto. A alíquota é zero, o chamado ex-tarifário. É uma medida que, em relação ao Brasil, é injusta e prejudica a própria economia americana, declarou.
**OI, SUMIDO!**
Imagine que o horário de verão voltou: manhãs mais escuras e noites mais claras. O pensamento lhe anima ou dá medo? Chegou a hora de refletir sobre a volta do período anual querido por uns e temido por outros.
O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) lançou nesta quarta-feira o planejamento do sistema elétrico brasileiro para os próximos cinco anos.
PROBLEMAS
O órgão enxerga uma provável degradação da capacidade do sistema brasileiro de atender à demanda no horário de pico nos anos que se aproximam.
SOLUÇÕES
Como um bom e proativo funcionário, o ONS apresentou soluções para as dificuldades que apontou.
Entre elas, estão o retorno do horário de verão e o uso de térmicas para geração de energia em períodos de escassez. Vamos detalhá-las.
[1] VOLTA DO HORÁRIO DE VERÃO
Abolido pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) em 2019, o ajuste no relógio foi criado para tentar fazer com que as pessoas demorassem mais para acender as luzes no início da noite e, consequentemente, economizassem um pouco de energia.
O retorno teria o mesmo propósito: gerar alguma redução no consumo de eletricidade.
"A depender das projeções de atendimento para os próximos meses, a adoção do horário de verão pode, eventualmente, ser recomendada ao CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico) uma ação imprescindível", afirmou o operador, em nota.
[1.2] SOLUÇÃO FALIDA
Uma capacidade adicional de energia de reserva seria contratada por um leilão anunciado pelo governo em 2024, mas a concorrência foi cancelada após questionamentos judiciais de setores que ficaram de fora do edital.
[2] USO DAS TÉRMICAS
A geração de energia termoelétrica usa combustíveis fósseis para produzir eletricidade, o que causa liberação de gases de efeito estufa. Por isso, o país tenta recorrer menos a elas, priorizando outras fontes, como as hidrelétricas.
Mas, em momentos críticos, elas são úteis para satisfazer a demanda.
**TV DO FUTURO**
Quando você era criança e via filmes, séries e desenhos sobre o futuro, como imaginava que ele seria? Carros voadores, viagem no tempo, aspirador de pó autônomo que tal fazer compras usando sua televisão? É o que virou realidade.
A implantação da TV 3.0 está chegando ao Brasil. Até o fim do mês, o governo deve assinar um decreto com as especificações que vão nortear a tecnologia.
COPA DO MUNDO 4D
As primeiras transmissões estão previstas para acontecer durante a próxima Copa do Mundo, em junho de 2026.
Silenciar o narrador, escolher ouvir apenas a torcida, acompanhar notícias ao vivo sobre as partidas no canto da tela estão entre as possíveis mudanças no modo de ver os jogos do torneio.
NA PALMA DA MÃO
A ideia é levar a interatividade que existe em um celular para a televisão. A adoção dos novos recursos não será obrigatória para os canais de televisão, como foi a transição das transmissões analógicas para as digitais em 2007.
DE OLHO NA GRANA
A partir da novidade, as emissoras esperam estancar a perda de receita publicitária, ano após ano, para a internet.
A nova tecnologia vai dar ao anunciante um nível de detalhamento do público que até agora foi primazia das redes, segundo Alexandre Peralta, sócio da agência de publicidade Peralta Creatives.
"Com o uso de inteligência artificial, será possível identificar quem está assistindo TV e entregar um conteúdo relacionado esporte, culinária ou documentário, por exemplo", diz. "Antes em declínio, a TV aberta passa a ser uma mídia mais estratégica."
SIM, MAS...
Para alcançar todas as promessas da TV 3.0, será necessário comprar um conversor, mesmo para aparelhos modernos, como as atuais smart TVs.
O preço do conversor não está definido, mas há quem estime entre R$ 400 e R$ 500.
"Uma vez que a migração de tecnologia não é obrigatória, as emissoras de TV são obrigadas a manter a programação aberta convencional no ar", disse à Folha o ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
Top 10 aeroportos. Aeroporto de Brasília é o único brasileiro entre os dez melhores do mundo, aponta o ranking AirHelp Score.
Tchau, X. Linda Yaccarino, colocada no cargo de CEO do X (antigo Twitter) por Elon Musk, pediu demissão.
O Orkut vai voltar? O criador da rede, Orkut Büyükkökten, diz que sim, mas não dá uma data para o lançamento.
Batendo de frente. A OpenAI, criadora do ChatGPT, vai criar um navegador para concorrer com o Chrome, da Google.
ASSUNTOS: Economia