‘Previdência é um elefante branco no meio da sala’, diz ministro do Planejamento
SÃO PAULO - O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, comparou o déficit crescente da previdência a um elefante branco no meio da sala. Para ele, a única forma do ajuste fiscar dar certo é mudar as regras da aposentadoria e por isso esse é o foco do governo.
— Mesmo que o governo pare tudo, não é suficiente para cobrir o déficit na previdência. Não adianta fechar os olhos para algo no meio da sala e o nome desse elefante branco é previdência — disse ele, durante palestra em evento promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide).
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Oliveira lembrou que os esforços do governo estão voltados para a aprovação da “reforma possível”, mas buscando preservar o máximo do texto aprovado na Comissão Especial da Câmara, e que só depois dessa etapa outras mudanças estruturantes vão entrar em discussão, como a reforma tributária.
— Nosso foco tem que ser a Previdência. Precisamos virar essa página. Uma vez ultrapassada essa reforma, vamos nos debruçar sobre outras questões, como a tributária. É preciso simplificar (a área tributária) — afirmou.
Ele lembrou que no caso da Previdência, o governo quer resolver algumas assimetrias. Como exemplo citou que o déficit na previdência privada é de R$ 185 bilhões e contempla 70 milhões de beneficiários. A pública têm déficit de R$ 30 bilhões, mas para 1 milhão de servidores aposentados.
Sobre a revisão da meta de déficit primário (quando as despesas superam as receitas, já excluindo os gastos com os juros da dívida), que é de R$ 139 bilhões para este ano, o ministro afirmou que ela está sendo analisada.
— Estamos analisando essa questão. O cenário de receitas não ajudou. Houve uma frustração. Isso nos obriga a fazer uma reavaliação, mas não posso adiantar porque não há uma decisão tomada — afirmou, mas sem fixar uma data para a revisão ou dimensão do ajuste.
Durante a palestra ao Lide, Oliveira afirmou que o objetivo e ir reduzindo esse déficit até que em 2020 ele esteja próximo de zero. O objetivo é sinalizar a empresas e outros agentes econômicos de que a equipe econômico se mantém firme no objetivo de estabilizar a trajetória da relação entre dívida e PIB e, no futuro, reduzí-la.
O ministro afirmou ainda que o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre deve ficar neutro, após crescimento no primeiro trimestre.
— Será neutro. Levemente positivo ou negativo. Mas estamos vemos uma melhora em diversas áreas — disse, lembrando que o mercado projeta um crescimento de 0,3% para o ano.
Oliveira lembrou, no entanto, que a recuperação se dá nos setores exportadores e agrícola, que arrecadam menos impostos, o que não contribui para o ajuste fiscal.
— A composição do crescimento do PIB não é a melhor para a arrecadação. Isso explica um pouco as dificuldades que estamos tendo na área fiscal — explicou.
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